O presente trabalho objetiva analisar os discursos que compõem a cinebiografia Mary Shelley (2017) acerca da dominação masculina e da resistência feminina. Para tanto, os objetivos específicos são: Verificar como essa dominação perpassa à personagem Mary Shelley com vistas a publicar a sua obra Frankenstein; identificar os elementos que atravessam a relação autor-personagem na cinebiografia; descrever esses elementos em categorias de dialogicidade, polifonia, alteridade, intertextualidade e pressuposição dentro da biografia através de uma análise de discurso fílmica. Tem-se como aporte teóricometodológico a Análise de Discurso Crítica (ADC), dentro da abordagem dialético-relacional de Fairclough (1989; 2001) que considera o discurso como prática social. Visto que possui característica transdisciplinar, alia-se à análise fílmica que também funciona para investigar o filme, por apresentar uma linguagem audiovisual que produz sentidos midiáticos. Para essa análise, o corpus utilizado é constituído por 04 sequências desse filme que acentuam a temática proposta, com a transcrição dos diálogos das cenas. São utilizadas as categorias de Bakhtin (1997; 2003), a constar, dialogismo, polifonia e alteridade seguidas pelas categorias de Fairclough, que são intertextualidade e pressuposição. Em complemento ao aporte teórico, são adotados os autores Aumont (1993; 2003), Bourdieu (2003), Butler (2003), Holanda (2019), Kaplan (1995), Louro (2017), Magalhães (2003), Orlandi (1995; 2015), Resende e Ramalho (2019) entre outros. Assim, conclui-se que os discursos acerca da dominação masculina ocorrem no filme através de uma sociedade sexista que tenta impedir Mary de exercer sua profissão ao passo que a resistência feminina ocorre em uma dialogicidade, polifonia e alteridade entre a diretora e ela, em uma relação autor-personagem que se completa uma na outra.