Diariamente é possível ver nos telejornais casos de mortes causadas pela polícia. Geralmente os
mortos são pessoas negras, moradoras de comunidade. Quando a vítima cometeu algum crime, a
morte parece ser a única solução possível, pois acredita-se que alguns sujeitos são incorrigíveis. O
aumento da sensação de insegurança traz um maior desejo por ações repressivas da polícia e uma
presença mais forte do Estado. No dia 20 de agosto de 2019, William Augusto da Silva foi morto
com seis tiros por um atirador de elite do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar
enquanto sequestrava um ônibus na ponte Rio-Niterói. Na ocasião, o então governador do Rio de
Janeiro comemorou a morte de William. Com isso em mente, a presente pesquisa objetiva observar
traços de necropolítica na ação do Estado e da mídia no caso do sequestro Ônibus Rio – Niterói. Os
observáveis são matérias veiculadas nos dias 20 e 21 de agosto nos telejornais Jornal da Band, SBT
Brasil e Jornal Nacional, totalizando seis reportagens. Entende-se que a análise de discurso
(FOUCAULT, 2004) é o melhor meio para extrair os conceitos das matérias observadas. Como
referencial teórico, destaca-se FOUCAULT (2014; 1976) – disciplina, biopolítica; MBEMBE
(2018) – necropolítica; MISSE (2010) – sujeição criminal e CALDEIRA (2000) – criminal.