Esta dissertação apresenta uma análise do jornal O Aviso, o primeiro órgão de imprensa da cidade de Picos (PI), fundado pelo coronel Joaquim das Chagas Leitão em 1910. O Aviso circulou entre 1910 e 1930, e nesse período travou batalha discursiva com adversários políticos por meio da imprensa, que lhe servia de instrumento para sustentar/manter seu prestígio e o poder de chefe político na Primeira República. Deste modo, analisa-se as edições publicadas no período de 1910 a 1930, dando atenção especial para as matérias que tratam sobre as disputas partidárias e as estratégias do coronel Joaquim Leitão dentro do jogo político, num período em que os partidos republicanos se fortaleciam por meio de alianças para enfrentar os possíveis adversários. Para tanto, a metodologia adotada foi a Análise de Conteúdo, na perspectiva de Bardin (1977) e o referencial teórico tendo como base o conceito de fato político, de Sodré (1999); campo/capital político, de Bourdieu (1989); e cultura política, de Berstein (1998). A partir da análise do material empírico, verifica-se que o jornal O Aviso foi criado para atender aos anseios políticos e partidários do coronel Joaquim das Chagas Leitão e construir capital político dentro das disputas pelo poder no Piauí na Primeira República. Apesar de não imprimir o direcionamento partidário no cabeçalho ou expediente do jornal, assim como acontecia na maioria dos jornais doutrinários da época, o conteúdo analisado do jornal mostra que ele serviu de arma para as lutas políticas entre 1910 e 1930, combatendo, principalmente, os prefeitos Antônio Rodrigues da Silva (1912-1918) e Francisco Santos (1918-1928). As primeiras lutas do jornal estavam alinhadas ao Partido Republicano Conservador (PRC), ao qual aderiu o governador do Estado, Antônio Freire da Silva, em 1910. A partir de 1917, o jornal O Aviso aliou-se ao Partido Republicano Autonomista (PRA), depois que o coronel Joaquim das Chagas Leitão foi excluído do PRC; e, em 1930 juntou-se à Aliança Liberal e fez campanha para Getúlio Vargas. O jornal O Aviso também travou batalhas discursivas com alguns jornais de Teresina, a exemplo de O Apóstolo (órgão da União Popular), entre 1910 e 1912, e com o órgão O Piauhy (órgão do PRC), de 1912 a 1930. No final da década de 1910, dois jornais foram criados para combater O Aviso em Picos, a saber: O Rebate, em janeiro de 1918 (criado pelo coronel Antônio Rodrigues da Silva); e O Reboque, em fevereiro de 1918 (criado pelo coronel Josino José Ferreira). Observa-se que o jornal O Aviso era o instrumento que matinha o coronel Joaquim das Chagas Leitão dentro dos “debates” da imprensa, contribuindo para que ele sobrevivesse e continuasse ativo no campo político. Nos períodos de campanhas políticas o coronel intensificava a produção de fatos políticos, ora para enaltecer os seus correligionários, ora para combater os adversários. As principais estratégias do coronel Joaquim das Chagas Leitão, com a ajuda do jornal O Aviso, era manter um capital simbólico e, por meio dele, o seu poder e prestígio na cultura política da cidade de Picos no início do século XX.