Este texto apresenta discussões de uma pesquisa de Mestrado em processo de construção, cuja
principal temática se debruça sobre as masculinidades negras homoafetivas no Instagram (rede
social digital que funciona sob a lógica de compartilhamento de imagens). À princípio,
compreende-se a contemporaneidade como lugar de (de)continuidade e de processos históricos,
culturais e sociais. Sabendo disso, me direciono às redes sociais digitais, como o Instagram, como
dispositivos de sociabilidades, práticas comunicacionais e processos de subjetivação. O objetivo
geral é: cartografar modos de produção de masculinidades negras homoafetivas no Instagram
(território-objeto). Para tal, adoto a hashtag #negrogay como caminho para construir os registros
para análises. Optei pelo uso do mecanismo hashtag por dois motivos gerais. O primeiro pela
possibilidade de explorar múltiplas e periódicas postagens, compartilhadas por usuários do
Instagram que tornam suas contas públicas. Já o segundo, pela possibilidade de usar os
descritores: negro + gay, os quais norteiam o tema da investigação. Sigo a orientação
metodológica da Cartografia, formulada por Deleuze e Guattari (2011) e desenvolvida por
outros(as) autores(as) (ROSÁRIO, 2008; COSTA, 2014, KASTRUP; BARROS, 2020; entre
outros) como caminho para aplicação de estratégias metodológicas e análises. Para fundamentar
as discussões conceituais sobre masculinidades (CONNEL, 1995; MEDRADO, 1997; BENTO,
2015) em direção as masculinidades negras (SOUZA, 2009, 2013; VEIGA, 2019; hooks, 2019,
entre outros), lancei luzes sobre a perspectiva de Interseccionalidade forjada por intelectuais
negras (GONZALEZ, 1984; CRENSHAW, 2002; CARNEIRO, 2019; AKOTIRENE, 2019).
Outras duas teceduras teóricas centrais se fazem necessárias para refletir sobre a temática deste
estudo: processos de subjetivação (GUATTARI, 1992; GUATTARI; RONLIK, 1996) e
dispositivos de comunicação (FOUCAULT,1995, 1996, 2016, 2019; BRUNO, 2004, 2006,
2013, 2016; BRAGA, 2017, 2020, entre outros). Minha pesquisa ainda está em curso, a habitação
no território me possibilitou realizar observações iniciais. A primeira recai sobre as descrições do
material: é observável uma exposição de corpos de homens negros (magros, gordos, musculosos,
sendo o último biotipo mais frequente) semidesnudos (sem camisa e/ou com sunga ou cueca).
Além da descrição do material, as análises direcionaram a agenciamentos políticos e
interseccionais, bem como processos construção de territorialidades de desejos e corporalidades
sobre as masculinidades negras homoafetivas no Instagram.