Em tempos de pós-verdade, a prática do fact-checking (verificação dos fatos) se apresenta como
uma alternativa para o combate a desinformação, uma vez que fake news, teorias da conspiração e
discursos de ódio vem sendo utilizados como armas políticas. Nomes como Donald Trump e Jair
Bolsonaro são vistos como difusores da política da pós-verdade. No Brasil, durante o auge da
pandemia da COVID-19, as agências de checagem montaram uma trincheira no combate aos
conteúdos falsos que retratavam sobre o novo coronavírus. Almeja, com esta dissertação, analisar a
atuação da agência Lupa no combate à desinformação em torno dos discursos de Bolsonaro sobre a
COVID-19; bem como caracterizar a importância da Lupa para o jornalismo em tempos de crise de
credibilidade devido às fake news; e entender como o contexto de desinformação e pós-verdade
influenciou na produção e proliferação das fake news de Bolsonaro perante aos sujeitos a partir das
checagens da Lupa sobre a COVID-19 em 2020. Para isso, o referencial teórico tem como base os
autores D’Ancona (2018), Keyes (2018) e Charaudeau (2022), que discutem o conceito pós-
verdade; e Teixeira (2018), Santaella (2019) e Segurado (2021), que discutem fake news e
desinformação. A metodologia adotada é a Análise de Discurso Crítica (ADC), elaborada por
Fairclough (2019), que entende a relação dialética entre sociedade e discurso, por conseguinte,
enxerga o discurso enquanto um dos momentos das práticas sociais, visto que os discursos
negacionistas de Bolsonaro influenciaram na conjuntura política e social do Brasil durante a
pandemia. Com isso, o presente estudo parte da hipótese de que a Lupa contribui significativamente
para a ressignificação da credibilidade do jornalismo junto ao público, que ganhou ainda mais
importância durante a pandemia da COVID-19, quando aumentou o número de circulação de fake
news no Brasil após os discursos de Bolsonaro. Ao longo dos debates e análises apresentados pela
presente dissertação é possível afirmar que as fake news são construídas no intuito de corroborar ou
legitimar ideologias por meio do discurso. No caso de Bolsonaro, as fake news são
instrumentalizadas para fins políticos, que asseguram relações de poder em contexto de
desinformação gerado pela pós-verdade em tempos de pandemia.