A partir do final do século 19, com o desenvolvimento técnico dos meios de captação,
reprodução e difusão de informação e comunicação, surgiu, de forma sistemática, um
campo da comunicação de massa. Os meios de comunicação foram ganhando
centralidade nos processos sociais, econômicos, culturais e políticos, e esse campo
passou a moldar e influenciar profundamente as sociedades modernas em todos os seus
aspectos. Nos anos de 1930, o filósofo alemão Walter Benjamin publicou uma série de
textos nos quais investigava as mudanças na produção e recepção das obras de arte a
partir do desenvolvimento da técnica moderna e do aparecimento e de dispositivos
comunicacionais tecnológicos. Em A obra de arte na era de sua reprodutibilidade
técnica, Benjamin, ao lidar com as transformações na produção e acesso às obras de
arte, levanta questões decisivas sobre os processos estetizantes decorrentes do uso
ideológico-político das novas formas de produção imagética e sonora, assim como a sua
difusão. Tomando como ponto de partida as reflexões de Walter Benjamin sobre a obra
de arte, esta pesquisa pretende investigar pontos convergentes entre o texto de Benjamin
e o atual momento dos processos comunicacionais, marcados por acelerada expansão no
alcance da recepção, por conta das novas tecnologias digitais de transmissão,
instantaneidade e velocidade na difusão e recepção; e ainda pela plataformização e os
atravessamentos económicos e ideológicos em consequência das reconfigurações
globais do capitalismo. Nossa hipótese de trabalho é a agudização dos processos
estetizantes com vieses ideológicos, aqui identificados como “hiperestetização da
política”, a partir do que propomos como “era da reprodutibilidade digital”, nos moldes
do pensamento benjaminiano do que seriam, no momento da escrita de seu ensaio, a era
da reprodutibilidade técnica e a consequente estetização da política.