Introdução: Em todo o mundo, as pessoas privadas de liberdade apresentam inúmeras condições de vulnerabilidade sanitária e de adoecimento devido às condições de confinamento inadequadas em que vivem por períodos prolongados de tempo. Tal realidade amplia a predisposição ao risco de contágio e transmissão da Covid-19, o que requer que ações preventivas de enfrentamento devam ser realizadas para controlar o número de casos e prevenir contaminação em massa. Objetivo: Analisar os conhecimentos, atitudes e prática de pessoas privadas de liberdade em relação à prevenção e controle da Covid-19. Métodos: Estudo transversal e analítico de base institucional realizado em sete unidades prisionais do Piauí, com uma amostragem probabilística por conglomerado de 857 detentos. A coleta de dados ocorreu de abril a outubro de 2022, a partir de um formulário adaptado constituído por perguntas referentes a variáveis sociodemográficas, características da cela, conhecimentos, atitudes e prática em relação à Covid-19, sendo as três últimas classificadas por escores. As análises dos dados foram realizadas com o uso do Stata. Foram calculados razão de prevalência (RP) e intervalos de confiança de 95% (IC95%) por meio de regressão de Poisson com variância robusta. A pesquisa seguiu todas as recomendações éticas e houve aprovação de um Comitê de Ética em Pesquisa (nº 4.578.002). Resultados: A população privada de liberdade apresentou bom desempenho quanto à prevenção e controle da Covid-19. A melhor classificação foi na dimensão atitudes, seguida da prática. Os conhecimentos sobre a doença e sua forma de prevenção e controle obtiveram menor escore comparado aos demais. Os conhecimentos, atitudes e prática adequados em relação à prevenção e controle da Covid-19 demonstraram associação significativa com a faixa etária de 25 a 34 anos (RP=1,09; IC95%=1,01-1,19), religião evangélica (RP=1,10; IC95%=1,01-1,20), não ter religião (RP=0,78; IC95%=0,67-0,92), nível de escolaridade fundamental completo ou mais (RP=1,12; IC95%=1,04-1,20), sexo masculino (RP=0,73; IC95%=0,61-0,88), com companhia conjugal (RP=1,14; IC95%=1,01-1,29), disponibilidade de água (RP=1,45; IC95%=1,03-2,06) e sabão (RP=2,47; IC95%=1,46-4,19) e uso de máscaras faciais (RP=1,26; IC95%=1,11-1,43). Conclusão: Os achados demonstram a necessidade da adoção de estratégias a fim de que as pessoas privadas de liberdade possam ter conhecimentos, atitudes e prática adequadas e reduzir os riscos de adoecimento. Esta pesquisa pode contribuir para a elaboração de políticas públicas de modo a contribuir com o direito à saúde no sistema prisional.