Introdução: Em 11 de março de 2020, a OMS declarou a COVID-19 como pandemia, levando a mudanças globais, como isolamento social e uso de medidas de proteção. O SARS-CoV-2, transmitido por aerossóis, causa sintomas variados, desde tosse até condições graves. As Unidades Prisionais (UPs), com alta densidade e higiene precária, estão em risco elevado de surtos, como evidenciado por estudos nos EUA que mostraram altas taxas de infecção. Para abordar essa questão, propõe-se um estudo de soroprevalência em pessoas privadas de liberdade (PPL) no Piauí, visando entender a disseminação do vírus e orientar estratégias de prevenção e controle. Objetivo: Identificar a prevalência de antígenos e anticorpos contra SARS-COV-2 em pessoas privadas de liberdade no Piauí Métodos: Trata-se de estudo de transversal, do tipo inquérito sorológico, realizado com pessoas privadas de liberdade de ambos os sexos, em sete unidades prisionais, localizadas em quatro municípios do estado do Piauí, no período de 26 de abril a 12 de outubro de 2022. Adotou-se amostragem probabilística por conglomerado com estágio de seleção único. Foram realizados testes sorológicos por quimioluminescência para deteção de anticorpo IgG/IgM contra SARS-CoV-2 e realizado entrevistas com os internos das celas sorteadas presentes nos dias da coleta de dados realizadas mediante aplicação de questionário eletrônico com perguntas padronizadas e estruturadas, instalado em dispositivos eletrônicos móveis (tablets). Calcularam-se as prevalências e razões de prevalência (RP) por regressão de Poisson, com respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%), com significância estatística quando p<0,05 (teste qui-quadrado de Pearson). O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa (Parecer n. 4.578.002/2021). Resultados: Foram entrevistadas 857 pessoas privadas de liberdade, sendo 771 (90%) do sexo masculino e 86 (10%) do sexo feminino, 22,5% referiram ter tido COVID-19, 67,2% tomaram ao menos uma dose de vacina contra COVID-19. A prevalência de infecção ativa por SARS-CoV-2 foi de 1,1% (n=10). A prevalênica de anticorpos IgG Anti-N foi de 55,4% (n=442), de anticorpo IgG Anti-S foi de 98,9% (n=802) e de anticorpo IgM Anti-S foi de 6,5% (n=51). A prevalência de IgG Anti-N e IgG Anti-S foi associada a histórico de vacinação contra COVID-19 Conclusão: A população privada de liberdade constitui um grupo de alta vulnerabilidade à COVID-19. Observou-se elevada prevalência de anticorpos contra COVID-19, indicando infecção passada ou resposta derivada da vacina. Houve reduzida prevalência de infeção ativa. Faz-se necessário implantar ações permanentes de educação, prevenção, incluindo a COVID-19 para essa população.