O presente trabalho tem por objetivo, analisar a desinformação presente nas
narrativas de Jair Bolsonaro, presidente da República, e como o questionamento acerca
dessa prática resultou em ataques e agressões a mulheres jornalistas. A análise das
narrativas previamente selecionadas será feita de modo interpretativo e com caráter
qualitativo, tomando como base a Hermenêutica da Consciência Histórica proposta por
Paul Ricoeur, em sua obra Tempo e Narrativa (2010). Essa pesquisa se justifica pela
necessidade de estudos sobre desinformação, sobretudo, neste começo de século, onde
esse fenômeno social avança a passos largos, alcançando milhares de pessoas em
diferentes lugares do globo e provocando situações drásticas, muitas vezes irreversíveis.
Um exemplo das consequências geradas pela desinformação são os ataques sofridos por
mulheres jornalistas no exercício da profissão, provocados pelo atual presidente da
República. Diante disso, o trabalho apresenta cinco capítulos divididos em capítulos
teóricos, aporte teórico-metodológico e análise das narrativas; e conta com dois
capítulos já escritos. O primeiro trata sobre desinformação, fake News, discurso de ódio
e pós-verdade. E o segundo, por sua vez, aborda a vitória de Jair Messias Bolsonaro
como presidente da República, a ascensão da direita no Brasil, as eleições de 2018 e o
uso de redes sociais e smartphones para divulgação de fake News. Na prospecção da
dissertação, um capítulo teórico se debruça sobre gênero, machismo, patriarcado e
misoginia, trazendo ainda dados sobre a violência sofrida por mulheres jornalistas no
exercício da profissão, provocada principalmente por homens. Outro capítulo trata sobre
o aporte-teórico metodológico e aborda a perspectiva da Hermenêutica da Consciência
Histórica de Paul Ricoeur (2010). O quinto e último capítulo apresenta a análise das
narrativas em contexto de desinformação, selecionadas por meio de amostra intencional.
A partir disso, delimitamos os seguintes objetivos específicos: compreender a
desinformação enquanto fenômeno social e sua atuação neste início de século XXI,
facilitada pelas novas tecnologias de comunicação e pelo uso das redes sociais;
investigar até que ponto a desinformação presente em narrativas jornalísticas prejudica
o jornalismo e afeta sua credibilidade, levando a situações drásticas e muitas vezes
irreversíveis; analisar a desinformação propagada por Jair Bolsonaro enquanto
presidente da República e as consequências geradas por elas; e compreender como os
ataques a mulheres jornalistas afeta a profissão jornalística e uma prática democrática de
fazer jornalismo. Para isso, nos apoiaremos nos trabalhos de ALLCOTT e
GENTZKOW (2017); D’ANCONA (2018); KAKUTANI (2018); MEYER-PFLUG
(2009); RÊGO (2021); RÊGO e BARBOSA (2020); WARDLE e DERAKHSHAN
(2017); MOURA e COBERLLINI (2019), entre outros autores, no sentido de atender a
esses objetivos.