CABRAL, S.M.R. Consumo alimentar de micronutrientes e transtornos mentais comuns em adolescentes escolares brasileiros. Tese (Doutorado em Alimentos e Nutrição), Universidade Federal do Piauí- UFPI, Teresina-PI, Brasil,2021.
Os transtornos mentais comuns caracterizam estados de ansiedade e depressão. Entre adolescentes, afetam o trabalho e a frequência escolar. Evidências sugerem que deficiências de micronutrientes estão associadas ao aumento da vulnerabilidade aos transtornos mentais. Objetivou-se estimar a associação do consumo alimentar de zinco, vitaminas B12, A, C e E com transtornos mentais comuns em adolescentes brasileiros que participaram do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes. A amostra correspondeu a 71.191 estudantes que responderam o recordatório alimentar de 24 horas e o questionário que abordou aspectos sociodemográficos e de saúde mental. O teste qui-quadrado de Pearson foi utilizado para avaliar a existência de associação entre as variáveis do estudo, e o Odds ratio,
com intervalo de confiança de 95%, para medir a força de associação entre elas. Realizou-se análise de regressão logística entre as variáveis transtornos mentais comuns e consumo insuficiente de zinco, vitaminas B12, A, C e E, ajustando-se pelas variáveis sociodemográficas: sexo, tipo de escola e faixa etária. O nível de significância adotado foi de 5%. Foram observadas elevadas prevalências de transtornos mentais comuns, sendo associados significativamente com sexo e faixa etária; e
altas prevalências de consumo insuficiente dos micronutrientes estudados, os quais foram significativamente associadas com o sexo, exceto o consumo de vitamina C. A inadequação de consumo de vitaminas A, C e B12 associou-se com o tipo de escola enquanto que o consumo insuficiente de vitaminas E e B12 associou-se com a faixa
etária. Em níveis agrupados, foram constatadas associações do consumo insuficiente de vitamina A, B12 e zinco com transtornos mentais. Observou-se que o sexo feminino, idade entre 14 e 17 anos, o consumo insuficiente de vitamina A e de zinco foram as variáveis que influenciaram a variável de transtornos mentais. Indivíduos com consumo insuficiente de zinco tiveram maiores chances de apresentarem depressão e ansiedade, enquanto aqueles com consumo insuficiente de vitamina A apresentaram menores chances. Portanto, verificou-se que o sexo feminino, idade entre 14 e 17 anos e o consumo inadequado de alimentos fontes de zinco influenciaram positivamente a presença de depressão e ansiedade em adolescentes.