Nos últimos anos tem havido um crescente interesse para a aplicação de produtos naturais em diversos setores, sendo os óleos vegetais considerados substratos bastante promissores para diversas aplicações industriais. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi sintetizar e caracterizar biopolímeros à base de óleo de pequi (Caryocar brasiliense Cambess) para fins biotecnológicos. Foi realizada uma prospecção tecnológica e científica, com o objetivo de avaliar e apresentar uma visão geral e prospectiva do desenvolvimento tecnológico e científico dos polímeros a base de óleos vegetais. As buscas foram realizadas nas bases de patentes INPI, EPO e USPTO e nas bases científicas Web of Sciences e Scopus. O número de patentes relacionadas a síntese de polímeros a partir de óleos vegetais ainda é reduzido se comparar com a quantidade de publicações científicas distribuídas em diversas áreas, com a classe que abrange os compostos macromoleculares orgânicos, sua preparação ou seu processamento químico, tendo maior destaque. Foi possível constatar que o processamento do óleo de pequi para obtenção de biopolímeros é inovador, uma vez que, até o presente momento, não existe registro científico nem tecnológico desta aplicação. Nesse contexto, biopolímeros a base de óleo de pequi foram sintetizados nas razões molares 1:4 e 1:5 (Monoacilglicerol: anidrido maleico), P1 e P2 respectivamente, e caracterizados por Difração de Raios-X, Espectroscopia de Infravermelho com Transformada de Fourier, Ressonância Magnética Nuclear de 1H, análises térmicas (termogravimetria e Termogravimetria derivada) e ângulo de contato. A aplicabilidade dos biopolímeros foi avaliada por teste de liberação (Diclofenaco de sódio - DS), pelo potencial oxidante/antioxidante (Saccharomyces cerevisiae), efeito geno/citotóxico (Allium cepa) e eficiência na adsorção de corante Rodamina B, considerando parâmetros de dosagem, efeito de pH da solução, tempo de contato, temperatura e concentração inicial do corante. O percentual de DS liberado foi maior em pH 7,4 do que em pH 1,2, tanto para o P1 quanto para o P2, indicando que os polímeros em estudo apresentam boa sensibilidade ao pH; os biopolímeros não apresentaram efeito oxidante para nenhuma das concentrações testadas, contudo apresentaram significativo potencial de redução da inibição do crescimento e aumento na sobrevivência das linhagens testadas, apontando que estes são capazes de reforçar as defesas antioxidantes celulares. Nos resultados da avaliação da genotoxicidade e citotoxicidade dos polímeros em estudo, detectou-se que em baixas concentrações estes não apresentam efeito genotóxico e nem citotóxico. Em relação à adsorção, o polímero P1 apresentou uma maior capacidade de adsorção do corante RB (71,38 ± 0,95 mg g-1) que o P2 (43,62 ± 0,24 mg g-1). A quantidade de corante adsorvido aumenta com a diminuição da temperatura e as isotermas a 298 K ajustaram-se melhor ao modelo de Temkin, para o P1 e P2. A cinética de adsorção pode ser ajustada ao modelo de pseudo-segunda ordem, com R2 ˃ 0,99, sugerindo que adsorção da RB pelos biopolímeros foi de natureza química. A dessorção do corante RB a partir da superfície dos biopolímeros foi realizada variando-se o pH e o tempo, onde se observou a liberação máxima de 90,72% ± 1,57, no pH 3 para o P1 e 35,37% ± 1,94, para o P2 no pH 5, indicando que os dois polímeros são eficientes na liberação do corante.