Este trabalho tem como objetivo geral propor a avaliação dos falantes de português brasileiro acerca do emprego de formas não-binárias recorrentes. A linguagem não binária propõe a ruptura do emprego da tradicional flexão de gênero binário – masculino /feminino e, por isso, vem sofrendo com a falta de um tratamento adequado dispensado a demanda pelo emprego de formas não binárias. A avaliação foi realizada através da participação de 64 informantes que foram convidadas a responder um questionário online via Google Forms. No formulário, os participantes foram expostos a recortes de termos não-binários e com base em um escala liket de 5 ponto, julgarem o grau de aceitabilidade e/ou rejeição de tais formas. A metodologia desenvolvida possui cunho quanti-qualitativo e foi elaborado sob uma perspectiva que busca compreender alguns aspectos dos condicionadores extralinguísticos frente os fenômenos linguísticos não convencionais que veem se manifestando no português brasileiro e colaborar com lacunas neste campo de pesquisa dado o processo do emprego de tais formas estar em sua gênese. Para tanto, uma revisão bibliográfica foi levantada para a construção do aporte teórico delimitado para este trabalho com base nas pesquisas de William Labov (1960), Joan Bypee (2006) e Câmara Jr. (2006), além de pesquisas complementares empreendidas por Wallace e William Lambert (1981), Raquel Freitag (2015;2024) e Carlos Schwindt (2020). Como meio de observação de variantes não binárias, foram consideradas recortes coletados de plataformas virtuais de lojas varejistas como TOKSTOK, o Instagram e portais de notícias como UOL, CNN, da Câmara Legislativa Federal e poder360. Uma vez finalizada esta pesquisa, concluímos que o elo entre língua e sociedade permanece vivo; podendo tal vínculo ser equiparado a um “cabo de guerra”, no qual os lados opostos lutam tanto para a preservação quanto para a reinvenção da língua falada. Ante o exposto, poderemos também acrescentar que a relação entre língua, sociedade e fatores extralinguísticos pode tornar a compreensão de alguns fenômenos linguísticos mais difíceis, principalmente quando baseada em conteúdo disseminado sem vínculo com pesquisas linguísticas renomadas o que, consequentemente, tende a resultar na obstrução do caminho para o apuramento dos motivos que desencadeiam fenômenos linguísticos inovadores e oposto à tradição vigente de um sistema linguístico.