Nos anos 90, a engenharia de tecidos surge como uma ferramenta que une conhecimentos de áreas como as ciências, medicina e engenharias com o objetivo de substituir, reparar ou regenerar tecidos com função prejudicada por lesão ou doença. Neste contexto, abordagens em engenharia de tecidos necessitam o planejamento de um biomaterial que imite a estrutura tridimensional da matriz extracelular, um microambiente celular capaz de suprir o crescimento, proliferação e diferenciação celular e a presença de fatores sinalizadores capazes de nutrir e manter as funções celulares e do tecido como um todo, biomateriais com essas características são também chamados de materiais biomiméticos. Além de proporcionar um ambiente apropriado para a sobrevivência celular, esses materiais podem também apresentar respostas a estímulos como alteração de pH, temperatura, luz, som, campos eletromagnéticos e assim exercer funções específicas dentro da construção, se comportando como uma matriz 4D ou também classificados como materiais inteligentes. Os métodos para a obtenção de materiais biomiméticos podem ser considerados métodos de biofabricação, dentre estes se destacam a produção de nanofibras por eletrofiação, nanopartículas por eletrospray e matrizes complexas com controle de morfologia por bioimpressão 3D. Aqui são propostas novas rotas para a síntese de nanocristais de peróxido de cálcio, um precursor na produção de oxigênio em ambientes hipóxia localizada em tecidos, além disso o controle da velocidade de entrega desse oxigênio por meio do encapsulamento com polímeros hidrofóbicos que resulta em diminuição da toxicidade e controle da produção de espécies reativas de oxigênio, são sintetizados hidrogeis via click chemistry, a partir de biopolímeros de origem natural com propriedades biomiméticas capazes de promover a cicatrização e regeneração de pele, por fim propomos a produção de plataformas que imitam a condição da osteoartrite em junção osteocondral dentro de chip para testes de novos fármacos. Os resultados obtidos sugerem que a rota para a obtenção do peróxido de cálcio foi capaz de gerar nanocristais estáveis com até 173.56 nm de diâmetro, mostrando grande área superficial, carga superficial de até 45,60 mV, evitando aglomerações das partículas e com propriedade de liberação controlada de oxigênio por até 7 horas, com propriedade de citocompatibilidade avaliada em ensaio de hemólise. Foi possível ainda a produção de hidrogeis sintetizados a partir de sulfato de condroitina, um polissacarídeo de origem natural, com tempo de gelificação de 1.8 minutos, região viscoelástica linear em valores de cisalhamento de 0.5 a 1000 rad/s, módulos de elasticidade superiores a 5000 kPa, poros de 100 µm, valores de inchaço compatíveis e propriedade de neovascularização em tecido cicatricial aproximadamente 2x melhor que animais não tratados. Todos os dados corroboram para o uso das micropartículas e dos hidrogeis produzidos como promissores em abordagens em engenharia de tecidos e medicina regenerativa.