O estado do Maranhão abriga um vasto conjunto de dados sobre as
populações indígenas Tupi do passado, cujas ocupações deixaram registros em
diversos sítios arqueológicos distribuídos pelo território. Este estudo investiga vinte
vasilhas cerâmicas inteiras e semi-inteiras, provenientes do acervo do Centro de
Pesquisa em História Natural e Arqueologia do Maranhão (CPHNAMA), com o
objetivo de compreender a distribuição e as transformações culturais dos povos
Tupi no Maranhão, classificados como Tupi do Norte, Proto-Tupinambá e
Tupinambá. Através da análise componencial, tecno-morfológica e dos sistemas
técnicos formadores da cadeia operatória das vasilhas estudadas, foi possível
identificar elementos diagnósticos que subsidiaram o entendimento sobre a
dinâmica de sucessão cultural em virtude da configuração das rotas de expansão
Tupi, evidenciada pela presença e a persistência de atributos amazônicos no
contexto regional maranhense. A pesquisa também revela a importância da região
do interflúvio Tocantins-Araguaia como um elo estratégico no processo migratório
Tupi, demonstrando que o Maranhão foi atravessado e ocupado por diferentes
grupos do espectro Tupi ao longo do tempo. Assim, ao investigar os aspectos tecnoculturais
impressos nas vasilhas, este trabalho contribui para a compreensão das
conexões entre os sítios Tupi no Maranhão, ampliando o entendimento sobre os
processos de expansão, adaptação, continuidade e mudança cultural dos povos
Tupi no estado.