O treinamento cognitivo vem sendo uma importante ferramenta na reabilitação,
que visa o aumento tanto da capacidade cognitiva quanto física, e tendo como
consequência a fadiga mental, que pode ser definida como um estado
psicofisiológico causado por uma demanda de esforço físico ou mental.
Alterações centrais a níveis corticais e sistêmicos vem sendo analisadas para
explicar quais efeitos o treinamento cognitivo desempenha nas respostas
adaptativas do exercício. A literatura mostra que a fadiga mental pode afetar o
desempenho físico de maneira negativa. O objetivo deste estudo é investigar os
efeitos agudos da tarefa cognitiva no desempenho em teste de força muscular
em indivíduos saudáveis. Trata-se de um ensaio clínico randomizado com
medidas repetidas. Foram incluídos no estudo 20 participantes do sexo
masculino, com 24,8 ± 5,29 anos, 83,2 ± 12,3 kg e 26,96 ± 4,3 kg/m2. A
pesquisa consiste na realização de 3 visitas, sendo a primeira a apresentação
da pesquisa e a familiarização com os instrumentos de avaliação e colhidas as
medidas biométricas dos participantes e análise do eletroencefalografia em
repouso. As visitas seguintes foram randomizadas com as condições controle e
experimental, e separadas por um intervalo de 72 horas (follow-up).
Posteriormente, os participantes foram familiarizados com a TC (denominada
de mira ao alvo) e TC neutra (Documentary BBC Planet Earth), com o
questionário para avaliação do humor e com o dinamômetro de preensão
manual. Essa pesquisa foi aprovada pelo CEP da UFDPar sob o CAAE:
67587817.7.0000.5214. Os resultados da pesquisa laboratorial não
apresentaram diferenças significativas pelo teste de ANOVA de Friedman
(p=0,123) para força muscular relativa no braço direito, já para o braço
esquerdo a força muscular relativa apresentou diferenças estatisticamente
significativas foram identificadas (χ2(3) = 8,83; p=0,032). A análise de interação
(teste de Wilcoxon) demonstrou diferenças entre a condição com treinamento
depois e sem treinamento antes (χ2(1) = 1,87; p=0,011). Para força muscular
absoluta diferenças significativas foram encontradas (χ2(3) = 9,15; p=0,027). O
teste de Wilcoxon revelou interação significativa entre a condição com
treinamento depois e sem treinamento antes (χ2(1) = 2,05; p=0,02). Não foram
encontradas diferenças estatisticamente significativas nas análises de
coerência da banda alfa entre as condições, conforme os seguintes resultados
F3-F4: [t(34) = 0,757; p=0,454; IC95%: -0,05 – 0,11]; F7-F8: [t(34) = 1,303;
p=0,201; IC95%: -0,05 – 0,261]; C3-C4: [t(34) = 0,55; p=0,581; IC95%: -0,11 –
0,64]; P3-P4: [t(34) = 0,71; p=0,507; IC95%: -0,08 – 0,17]. Conclui-se que os
efeitos agudos da TC no desempenho em teste de força muscular em
indivíduos saudáveis, não apresentaram diferença na força muscular relativa e
absoluta de preensão palmar da mão dominante dos indivíduos, no entanto, as
análises para o braço esquerdo (não dominante) demonstraram diferenças
estatisticamente significativos para força muscular relativa. Infelizmente os
dados gravados com a eletroencefalografia, não apresentaram resultados
significativos em relação ao desempenho dos indivíduos quando submetidos à
tarefa cognitiva de mira ao alvo.