Este trabalho tem por objetivo analisar a influência da linguagem oral sobre a prática da escrita de alunos do nono ano do Ensino Fundamental, buscando encontrar possíveis relações com as práticas de uso da escrita fora do ambiente escolar desses discentes. Essa pesquisa tem como parâmetro o modelo ideológico de letramento que implica o domínio das práticas discursivas. Nesse sentido, parte-se das seguintes problemáticas: Há influência da oralidade sobre a prática da escrita dos alunos do nono ano do Ensino Fundamental da escola pesquisada? Quais são as marcas da oralidade presentes nesses textos? Quais os usos de escrita que esses alunos fazem em suas residências? Essas atividades de letramento estão mais voltadas para a escrita ou para a oralidade?. Sabendo que “a relação entre oralidade e escrita é a de um contínuo discursivo de mútuas influências” Kleiman (2014, p. 213) e que nesse contínuo há textos que, mesmo escritos, aproximam-se mais da oralidade, assim como há textos orais que se aproximam mais da escrita (MARCUSCHI, 2010), é possível dizer que os alunos que praticam atividades de letramento mais próximas da escrita, em seu ambiente familiar, tendem a apresentar menos registros da oralidade em seus textos escritos do que os alunos que praticam atividades de letramento mais próximas da oralidade? Do ponto de vista metodológico, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa e de campo. A coleta de dados será realizada em uma escola municipal, localizada em Alto Alegre do Pindaré, Maranhão. Além disso, será realizada coleta de dados nas residências dos sujeitos pesquisados, a saber, quinze alunos do nono ano do Ensino Fundamental. No ambiente escolar serão observadas e descritas duas aulas de produção textual e serão recolhidos os textos referentes a essas duas aulas para análise. Nas residências dos sujeitos da pesquisa serão aplicados questionários semiestruturados. Convém dizer também que essa pesquisa inspirar-se-á em alguns pressupostos etnográficos. O trabalho ancora-se, ainda, em pressupostos teóricos que fazem a relação entre oralidade e escrita, como Botelho (2012) Fávero, Aquino e Andrade (2003) e Marcuschi (2010), bem como referência a trabalhos que caracterizam-se como Novos estudos do Letramento como o de Brian Street (2014), os de Kleiman (2008, 2005) e o de Soares (2004).