Esta pesquisa tem como objetivo analisar historicamente os discursos sobre linguagem suscitados pelas políticas linguísticas indigenistas instituídas nos documentos oficiais que regem a Educação Escolar Indígena (EEI) no Brasil, desde 1988. Nesse intuito, são utilizadas duas linhas teóricas, a saber: a Análise de Discurso materialista (AD), tratando dos processos discursivos e subjetivos inerentes à língua, aos sujeitos e à história, e a História das Ideias Linguísticas (HIL), compreendo as dimensões histórica e linguística do arquivo, a partir das quais é feita uma articulação teórico-metodológica. Dessa forma, pretende-se observar o devir histórico que as políticas linguísticas da educação escolar indígena tomaram e as condições de produção em que são textualizados os documentos de diretrizes e os instrumentos linguísticos que as regem, estabelecendo gestos de interpretação sobre as relações de anterioridade e subjetividade manifestadas no arquivo discursivo. Em relação à abordagem do objeto estudado, a pesquisa enquadra-se como qualitativa devido à necessidade de interpretação dos fenômenos discursivos e ideológicos, a partir de sua materialidade linguística. Quanto aos objetivos, o estudo enquadra-se como descritivo e interpretativo, pretendendo-se consumá-los pelos pressupostos de autores como Auroux (1980; 2006; 2014), Orlandi (2001; 2013), Fournier (1998), Lopes (2012), Nunes (2006; 2008), Pêcheux (2014a; 2014b; 2015a; 2015b), Mariani (1996), entre outros. O processo analítico e reflexivo desta pesquisa, pretende lançar novos olhares sobre as projeções subjetivas e o imaginário linguístico que se estabelece oficialmente para com as comunidades indígenas no país, trabalhando no entremeio do discurso, através do qual se pode depreender a materialidade da ideologia. Realizando esse tipo de análise, objetiva-se ainda contribuir socialmente com o entendimento crítico acerca das discursivizações que permeiam o imaginário social e histórico direcionado as comunidades tradicionais do país, demonstrando as incongruências e as formas de marginalização a que têm sido submetidos ao longo da história do país, através das formas de subjetivação impostas pelo Estado.