Delinear as pistas deixadas no mapa que envolvem Literatura e História certamente é uma tarefa sutil e complexa, porém não impossível. Essa atividade, segundo pesquisadores contemporâneos, envolve problemáticas interessantes de serem discutidas. Uma delas é suscitada pelos desdobramentos da metaficção historiográfica, definida, a princípio, como a ficção que versa sobre a própria ficção, apoderando-se de questões do mundo real para então problematizá-las sob o viés da criação literária. Para além da ficção, os problemas envolvendo as relações entre homens e mulheres também geram questionamentos e resultam em estudos sobre Literatura e Gênero. As discussões acerca desse tema dão margem para analisarmos as representações de uma sociedade que sempre ditou os comportamentos de homens e mulheres desde muito tempo. Contudo, estudar os gêneros e as suas relações na literatura é um tema ainda em construção. Diante dessas considerações, esta dissertação tem como objetivo analisar as relações de gênero por meio das estratégias metaficcionais paródia, intertextualidade e discursos históricos, na obra Um mapa todo seu (2015), de Ana Maria Machado. Nessa obra, a autora nos apresenta personalidades marcantes da história do Brasil oitocentista: Eufrásia Teixeira Leite, que se destacou como grande uma economista da época, e Joaquim Nabuco, político e forte representante no processo de abolição da escravatura brasileira. Para a realização desta pesquisa, tomamos como base as contribuições dos estudiosos Hutcheon (1991), Rocha-Coutinho (1994), Bourdieu (2002), Saffioti (2011), Fernandes (2012), Woolf (2014), dentre outros. Por meio dos pressupostos teóricos desses pesquisadores e levando em conta a elasticidade da expressão promovida pela metaficção historiográfica, nesta dissertação, entendemos que a leitura de Um mapa todo seu (2015) concebe uma possibilidade de (re)interpretação histórica por meio das relações de gênero.