O gênero literário destinado a crianças e a jovens possui como aspecto relevante o texto híbrido, o qual desafia o leitor contemporâneo, através da articulação de diferentes linguagens, a participar ativamente de sua ressignificação, por ativar percepções e sensibilidades referentes ao conteúdo que veicula. Partindo dessa conjectura, esta dissertação possui como intuito a análise da relação entre palavra e imagem na narrativa juvenil Clarice (2018), escrita por Roger Mello e ilustrada por Felipe Cavalcante. A narrativa possui como protagonista a menina Clarice e ficcionaliza o período ditatorial brasileiro, bem como propõe o questionamento às diferentes formas de autoritarismo, à censura e às opressões verificadas nesse contexto, sob a ótica da narradora infantil. Partimos da hipótese de que a carga expressiva de Clarice, através da interação entre palavra e imagem, pode provocar mais adesão à leitura, permitindo ao leitor compreender e refazer novas visões acerca do referido contexto político e social brasileiro. Além disso, também se objetiva apresentar um breve panorama da narrativa Infantil e Juvenil brasileira que tematiza a Ditadura civil-militar. No mais, contextualizar a narrativa Clarice (2018) nas tendências da Literatura Juvenil Contemporânea. De cunho bibliográfico, a pesquisa ancora-se em leituras de Colomer (2017), Martha (2009) Lajolo e Zilberman (2007), Ramos (2013), Nikolajeva e Scott (2011), Oliveira (2008), entre outros. Com o estudo e a análise da obra, esperamos suscitar discussões no âmbito social e referentes ao processo de produção e caracterização do texto híbrido, os quais, tomados em conjunto, contribuem para a construção de experiência estética e para a ampliação do horizonte de expectativa do leitor a que se direciona.