Esta dissertação, que versa sobre o fenômeno da variação linguística no ensino de língua materna, traz a seguinte problemática: qual o tratamento dado à variação linguística em aulas de Língua Portuguesa no 1º ano do Ensino Médio no IFMA Campus Coelho Neto? Diante disso, delineamos como objetivo geral: investigar a abordagem da variação linguística, no processo de ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, no 1º ano do Ensino Médio, no IFMA Campus Coelho Neto. Para tanto, de modo específico, buscamos: identificar as concepções da professora de Língua Portuguesa sobre língua e variação linguística; verificar a consonância do trabalho com a variação linguística em sala de aula com os estudos sociolinguísticos; analisar, sob a perspectiva da Sociolinguística Educacional, o tratamento dado à variação linguística enquanto objeto de ensino em aulas de Língua Portuguesa. Este estudo apresenta em sua base teórica autores como Labov (2008), acerca da Sociolinguística Variacionista; Bortoni-Ricardo (2004, 2005), no que diz respeito ao ensino de língua materna na perspectiva da Sociolinguística Educacional; Bagno (1999, 2007), sobre variação linguística e preconceito linguístico; Faraco (2008), em relação à temática da norma linguística, dentre outros estudiosos. Trata-se deuma pesquisa de campo com viés etnográfico, de abordagem qualitativa e interpretativista. Para a geração de dados, utilizamos, como instrumentos: observação de aulas remotas, notas de campo, gravações audiovisuais e entrevista semiestruturada. Devido à pandemia de Covid-19, as aulas ocorreram remotamente por meio de ambientes de aprendizagem on-line, por isso o trabalho de campo recorreu também ao método da netnografia. Os resultados indicam que a variação linguística, apesar de legitimada no falar discente e docente, ocupa um espaço reduzido na programação das aulas, sendo trabalhada dissociada dos demais conteúdos da disciplina, com foco na sua classificação, recebendo um tratamento superficial e insuficiente. Quanto à concepção de língua(gem) assumida pela docente, percebemos que a concepção de língua(gem) como instrumento de comunicação e como processo de interação, apontadas por Travaglia (2008), coexistem na sua prática pedagógica, sendo observado o predomínio desta última. De modo geral, notamos que houve coerência entre o conhecimento teórico da docente e sua prática de ensino em relação à abordagem da variação linguística.