O contexto acadêmico-científico é permeado por diversos gêneros, como monografias, dissertações, comunicações orais, artigos, dentre tantos outros. Dessa forma, os sujeitos, ao realizarem tais gêneros - considerando suas particularidades e propósitos - desenvolvem uma atividade argumentativa mais ou menos engajada. Conforme Motta-Roth e Hendges (2010), o discurso científico é argumentativo, visto que os gêneros que estão abrigados neste discurso possuem uma finalidade demonstrativa, ou seja, têm o objetivo de provar e convencer os leitores a aderir uma proposta por meio de dados, métodos e argumentos racionais. Diante de tais razões, a presente pesquisa tem por objetivo propor uma análise da construção retórica e argumentativa das seções de justificativa de projetos de pesquisa da área de Linguística, submetidos e aprovados no processo seletivo em nível de doutorado, realizado pelo Programa de Pós-graduação em Letras (PPGEL) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em 2021, na área de Linguística. Dessa maneira, propomos uma interface entre a análise da organização retórica da seção de justificativa dos projetos de pesquisa e a análise da construção argumentativa da mesma seção sob a perspectiva de Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005). Pretende-se com a referida pesquisa, portanto, identificar e caracterizar os passos retóricos presentes na seção de justificativa, buscando perceber como esses passos estão mais relacionados com a tentativa de persuadir o interlocutor, neste caso, a banca avaliadora. Além disso, pretende-se identificar os tipos de argumentos (quase-lógicos, argumentos que se fundam na estrutura do real e argumentos que fundamentam a estrutura do real), tendo em vista percebermos como essa organização lógica, retórica e argumentantiva direciona os leitores para uma possível adesão às propostas dos escritores – neste contexto, tal adesão às propostas, por parte da banca avaliadora, é caracterizada pela aprovação do projeto submetido. Como aporte teórico e metodológico, nos ancoramos, principalmente, em Milller (1984) e Bazerman (2005, 2006, 2015), Swales (1990), Moreno e Swales (2017) e Alves Filho (2018) e em Perelman e Olbrechts-Tyteca (2005).