Esta pesquisa tem o objetivo de analisar a construção de sentidos da objetificação racializada “delinquente em potencial”, empregada em discursos da segurança sobre à criança e ao jovem negro, presentes no jornal eletrônico Folha de S. Paulo. Desse modo, propomos: (i) analisar a regularidade das sequências discursivas tanto da segurança pública quanto da privada, deslinearizando-as, a fim de verificar os efeitos de sentidos e se há entre elas um entrecruzamento sob as mesmas formações discursivas, possibilitando a construção de determinada posição no discurso; (ii) delinear como se articula a racialização realizada pelas seguranças quanto a ações direcionadas à crianças e jovens negros e sob quais condições sócio-histórico-ideológicas; e, (iii) analisar como os discursos provenientes desses meios jornalísticos narram e discursivizam sobre a violência policial levando em conta esse público em específico, observando como podem estar interligados a uma memória discursiva cristalizada. Nesse intento, as análises foram sustentadas no dispositivo teórico e analítico da Análise de Discurso Materialista. Em relação à metodologia, a proposta apresentada configura-se como de natureza qualitativa-interpretativa. Espera-se que este trabalho possa contribuir na elucidação da ótica objetificada da segurança sobre o público supracitado e na desmitificação de que não é filiada ideologicamente. Assim, emerge a necessidade de pensar até que ponto o imaginário consolidado desde o período escravista influencia as práticas dessa segurança e do jornalismo. A partir disso, será possível compreender como o poder público e privado colocam em circulação dados imaginários e sentidos que se cristalizam na memória social e coletiva, inclusive das instituições.