Ao nos referimos a pesquisas e estudos científicos direcionados às abordagens do modelo de letramentos acadêmicos e letramento acadêmico bilíngue, tendo como público-alvo graduandos surdos, percebe-se o quanto ainda há uma escassez referente às pesquisas acadêmicas voltadas para aplicações metodológicas que envolvam a participação atuante de discentes surdos matriculados em Instituições de Ensino Superior – IES e a Língua Brasileira de Sinais-Libras. Historicamente, esse público sempre necessitou lidar com a presença e o poder da linguagem verbal de línguas orais em suas distintas áreas de atuação e/ou engajamento. Com isso, ao acessarem o nicho universitário, os estudantes surdos do curso de Licenciatura em Letras Libras e Letras Português da Universidade Federal do Piauí-UFPI ocupam mais uma vez um espaço em que sua língua, Libras (modalidade gestual-visual), é pouco validada, reconhecida, divulgada e utilizada como um dos principais instrumentos linguísticos dentro dos três pilares da universidade: Ensino, Pesquisa, Extensão, de acordo com o artigo 207 da Constituição Federal (CF). Posto isso, a presente pesquisa objetiva verificar a influência das ações didáticas guiadas pelo modelo dos letramentos acadêmicos para a execução das tarefas de leitura e escrita por alunos surdos do curso de Letras Libras e Letras Português da UFPI. Nossas reflexões acerca desse objetivo tomam como base teórica o conceito de letramento (SOARES, 2003; STREET, 2014 [1995]), discussões relacionadas aletramento acadêmico (LEA E STREET 2014 [2006]; LEA, 2004; STREET, 2010; NAVARRO, 2020) e, por fim, abordaremos sobre o letramento acadêmico bilíngue (PIRES, 2014; RIBEIRO, 2016; FERNANDES; MOURA, 2017; JACINTO, 2021). Nosso procedimento metodológico se deu através de uma pesquisa de cunho qualitativo-interpretativista a partir de uma pesquisa-ação, a começar pela elaboração e concretização de uma ação extensionista denominada “Oficina de escrita acadêmica para surdos/as”, com carga horária de 20h e totalmente gratuito. O pré-requisito para a inscrição era: estar com matrícula ativa na instituição; e-mail, próprio no GMAIL; acesso à internet e disponibilidade de 4h referente a cada encontro. A oficina contou com 3 participantes surdas do curso de Letras Libras e 1 participante surda do curso de Letras Português da UFPI durante quatros encontros presenciais no Centro de Ciências Humanas e Letras (CCHL) da UFPI, Campus Ministro Petrônio Portella, em Teresina. Os encontros presenciais contaram com a presença das participantes, da pesquisadora/professora e de duas monitoras ouvintes (graduandas em Letras Libras e fluentes em Língua de Sinais). Nesse sentido, defendemos assim, que as ações didáticas guiadas pelo modelo dos letramentos acadêmicos influenciam diretamente na execução das tarefas de leitura e escrita por alunos surdos, pois, a partir deste modelo as características textuais foram evidenciadas por meio de um viés estratégico, destacando a materialidade utilizada, os momentos de reflexão e as expectativas institucionais e individuais situadas.