Esta tese evidencia o estudo dos contos-recontos da tradição oral africana lidos em voz alta e em mediação performática, por esta pesquisadora, com um grupo de graduandas do curso de Letras Vernáculas da UFPI, como prática literária intercultural. Pressupõem-se que os contos-recontos da tradição oral africana, assim narrados, possibilitem uma maior visualização de imagens internas, pelas graduandas, que por sua vez contribuem para a formação de leitoras/ futuras mediadoras de práticas literárias interculturais. Numa mediação performática são associados ao texto narrado elementos do próprio corpo como as modulações da voz, gestos e expressões faciais e elementos externos como a música, a dança, a roda, o toque de um instrumento, um ruído, o uso de adereços simbólicos, dentre outros, que se juntam ao espaço-tempo-literário para criar uma ambiência performática, no antes-durante-depois da leitura. Dessa forma, a pesquisa tem como objetivo geral investigar, com um grupo de graduandas do curso de Letras Vernáculas da UFPI, se a narração de contos-recontos da tradição oral africana, em mediação performática, possibilita uma maior criação de imagens internas, levando-se em conta a subjetividade, o corpo e a arte, como prática literária intercultural. Como objetivos específicos a pesquisa se propõe a: oportunizar a graduandas do curso de Letras Vernáculas/UFPI a vivência/experiência/produção de práticas literárias interculturais e transdisciplinares com a narração de contos-recontos da tradição oral africana, em mediações performáticas; exercitar a criatividade imaginativa a partir da narração de contos-recontos da tradição oral africana, em mediação performática, com graduandas do curso de Letras Vernáculas da UFPI, como prática literária intercultural; analisar a recepção da narração de contos-recontos da tradição oral africana, em mediação performática, com graduandas do curso de Letras Vernáculas da UFPI. Sendo assim, os contos-recontos da tradição oral africana, lidos em voz alta e em mediação performática apontam como uma das inúmeras possibilidades de se trabalhar a cultura africana, contempladas pela Lei 10639/03, através da literatura. A metodologia da pesquisa é do tipo pesquisa-ação, com abordagem qualitativa e a realização de oficinas teórico-metodológicas de narração dos contos-recontos da tradição oral africana, em mediação performática – Laboratório de Narração – com um grupo de 10 graduandas do 4º período do curso de Letras Vernáculas da UFPI, atravessadas literalmente e/ou corporalmente pela temática da pesquisa, selecionadas através de conversa prévia e aplicação de um questionário. A pesquisa é fundamentada, principalmente, nos estudos de oralidade, performance, contação de histórias, experiência e presença do corpo, estando inserida na perspectiva epistêmica decolonial, em autores como: Hampâté Bâ (2010); Vansina (2010); Ong (1998); Zumthor (1997; 2000); Cohen (2002); Larrosa (2004; 2015); Amarilha (1997; 2006; 2012); Busatto (2003; 2006); Machado (2004); Matos (2005; 2009); Gumbrecht (2010); Diniz (2016); Boaventura (2009); Nelson Maldonado-Torres (2005), Anibal Quijano (2005), dentre outros.