As leishmanioses são parasitoses de elevada incidência em países em desenvolvimento e de difícil tratamento, pois além de não despertar interesse das indústrias farmacêuticas, os medicamentos utilizados apresentam elevada toxicidade. Estima-se que ocorra 2 milhões de novos casos anualmente em 98 países com 350 milhões de pessoas em risco de contrair a infecção (SILVA et al., 2016). Assim, a busca por novos compostos antileishmania tem incentivado o isolamento de substâncias a partir de espécies vegetais de uso popular (OLIVEIRA et al., 2014). Nesse contexto, limoneno e carvacrol, monoterpenos presentes em plantas com atividade antiparasitária, podem, em terapia combinada, constituir uma alternativa para o tratamento dessas doenças, com foco na redução de doses, na resistência a componentes individuais e na duração da terapia. (MONZOTE et al., 2015). Esse trabalho teve como objetivo avaliar a atividade antileishmania, citotóxica e imunomoduladora da associação do limoneno-carvacrol (Lim-Car). Para tanto, mistura de Lim-Car foram preparadas nas proporções de: 1:0; 1:1; 1:4; 2:3; 3:2; 4:1 e 0:1, respectivamente. Após, foram realizados os ensaios de atividade sobre promastigotas de Leishmania major; citotoxicidade; hemólise e avaliação da infecção e infectividade de macrófagos por L. major. Além disso foi realizado estudo da interação do Lim-Car através do isobolograma e testes de danos a membrana do parasito, além de docagem molecular, objetivando os alvos enzimáticos: tripanotiona redutase (TryR) e polimerase beta (Poli β). Ensaios de imunomodulação também foram realizados, como atividade lisossomal; capacidade fagocítica e indução da síntese de óxido nítrico em macrófagos. As associações de Lim-Car apresentaram potencial atividade antileishmania, com concentração inibitória média (CI50) de 16,0; 14,2; 13,5; 19,0; 15,2; 15,4 e 5,8 µg.mL-1, respectivamente. Apresentaram concentração citotóxica média (CC50) de 158,9; 118,9; 112,2; 73,6; 154,2; 176,0 e 94,1 µg.mL -1, respectivamente. As combinações não apresentaram efeito hemolítico significante, pois todos os valores de CH50 foram >800 µg.mL-1. As misturas Lim-Car também foram responsáveis por reduzir a infecção e a infectividade de macrófagos murinos parasitados, apresentando índice de seletividade (IS) significantes para todas as amostras. Na investigação de interação sinérgica entre os monoterpenos pode-se observar que a mistura 4:1 Lim-Car foi a que melhor apresentou resultados sobre promastigotas, bem como o melhor IS obtido. Quanto aos danos causados na membrana, observamos que os monoterpenos e a associação 4:1 Lim-Car provocaram danos consideráveis à membrana do parasita. Os resultados de docagem molecular demonstraram que a atividade dos monoterpenos parece está mais relacionada a interação com a enzima TryR e que a associação de ambos pode, ainda, potencializar esse efeito. A interação dos monoterpenos estimulou a atividade lisossomal e fagocítica. No entanto não incrementou a produção de óxido nítrico. O limoneno e o carvacrol apresentaram significativa atividade sobre L. major, baixa citotoxicidade, bom índice de seletividade, expressiva atividade imunomoduladora e a associação 4:1 Lim-Car foi a mais promissora pelos índices apresentados. Contudo, estudos complementares deverão ser realizados para investigar sua eficácia no tratamento da leishmaniose.