A dor oncológica é um tipo de dor que ostenta uma neurobiologia enigmática e multifatorial. Por causa da natureza complexa e etiologia da dor do câncer, diversos agentes farmacêuticos são usados como parte do regime de tratamento desse tipo de dor. Nesse contexto, a pesquisa farmacológica para o desenvolvimento de novos agentes terapêuticos vem se tornando cada vez mais necessária. O α-Felandreno (α-Fel) que, na literatura, destacou-se por apresentar importantes atividades biológicas, como aumentar efetivamente a imunidadeatravés de modulação de resposta imune celular e humoral em animais, atividades antimicrobiana, antitumoral, anti-inflamatória e antinociceptiva. O objetivo do presente trabalho foi investigar os mecanismos de ação antinociceptiva do α-Fel, bem como os possíveis efeitos tóxicos e de quimioproteção do tratamento associado ao 5-Fluoruracila em modelos de alodinia oncológica. Para indução da dor oncológica, foram inoculadas células de sarcoma-180 na região subaxilar de camundongos balb-c. Os animais foram avaliados quanto aos parâmetros de alodinia e hiperalgesia mecânicas, utilizando os filamentos de von Frey. As avaliações antinociceptivas foram divididas nos seguintes grupos: sham (NaCl 0,9 % com Tween 80 a 2 % v.o sem inoculação de células S-180), veículo (NaCl 0,9 % com Tween 80 a 2 % v.o), controle positivo (Duloxetina 30 mg/kg, v.o), α-Fel (25 mg/kg v.o), (5-FU 10 mg/kg i.p) e α-Fel+5-FU (25 mg/kg v.o/ 10 mg/kg i.p), em que nas avaliações direta no tecido peritumoral e indireta na pata traseira direita, o α-Fel foi capaz de diminuir a hipernocicepção provocada pelo tumor de S-180, assim como nos outros tratamentos propostos, com evidência de significância do tratamento em associação do α-Fel+5-FU (25 mg/kg v.o/ 10 mg/kg i.p) em relação aos demais tratamentos. Em seguida, foi analisada a massa bruta relativa dos tumores para investigar o possível potencial antitumoral, principalmente do tratamento em associação em que α-Fel 25 mg/kg v.o demonstrou redução de 37,4 %, foi observado também uma redução de 23,5 % no grupo 5-FU 1 mg/Kg i.p e por fim destaca-se a redução de 66,7 % em relação ao controle negativo. Nesse contexto, para determinar possíveis ações tóxicas foram realizados testes de letalidade em Artemia salina (CL50: 620,80) e Allium cepa, com demonstração de citotoxicidade. Ademais foram realizados testes de caquexia, onde foi demonstrado redução de caquexia nos animais tratados em relação ao CN. A Fim de sugerir mecanismos de ação, verificou-se a capacidade do α-Fel em modular citocinas, através de ensaio imunoenzimático (ELISA) em homogenato de tecido tumoral e medula espinhal, no qual observou-se que o α-Fel reduziu os níveis de TNF-α nos dois tipos de tecidos. Posteriormente foram realizadas dosagens de Proteína C-Reativa no plasma dos animais tratados, quando se verificou diminuição significativa dessa proteína e por fim a participação do α-Fel na via opióide (μ, δ, k), VEGF, GABAa, COX-2, PPAR gamma e TRPV-1, através de técnicas de docking molecular.