EFEITO PROTETOR DO CLORIDRATO DE
EPIISOPILOTURINA, UM ALCALÓIDE IMIDAZÓLICO ISOLADO DE Pilocarpus
microphyllus (Stapf ex Wardleworth), NA LESÃO GASTRINTESTINAL INDUZIDA
POR NAPROXENO EM RATOS.
Atividade Protetora; Naproxeno; Lesão Gastrintestinal; Cloridrato de
Epiisopiloturina; Pilocarpus microphyllus.
Naproxeno, um representante da família dos AINEs é frequentemente recomendado
clinicamente. No entanto, esta droga causa dano no trato gastrintestinal através de vários
processos, incluindo a geração de espécies reativas de oxigênio, a inibição da síntese das
prostaglandinas e peroxidação lipídica. O objetivo deste estudo foi investigar o efeito protetor
do cloridrato de epiisopiloturina, um alcalóide imidazólico encontrado nas folhas de Pilocarpus
microphyllus. A atividade protetora do cloridrato de epiisopiloturina (EPI) foi avaliada usando o
modelo de lesão gastrintestinal induzido por naproxeno em ratos Wistar. Tecidos do estômago e
intestino foram obtidos para a avaliação histológica seguida de padrões previamente descritos
na literatura. Além disso, amostras foram retiradas para determinar os níveis de glutationa
(GSH), malondialdeído (MDA), atividade da mieloperoxidase (MPO) e os níveis do fator de
necrose tumoral (TNF-α), interleucina (IL)-1β e interleucina (IL)-10. Para avaliar alterações
fisiológicas, foram avaliados os parâmetros de muco aderido à parede gástrica, secreção e fluxo
sanguíneo gástrico (FSG). O pre-tratamento com EPI reduziu a lesão macroscópica gástrica
induzida por naproxeno com efeito máximo na dose de 10 mg/kg i.p. (68% de inibição de
lesão). Além disso, EPI apresentou proteção significativa somente na dose de 10 mg/kg i.p.
frente a lesão intestinal induzida por naproxeno. A análise histológica mostrou que o naproxeno
apresentou lesão hemorrágica, edema, perda de células epiteliais e aumento infiltrado de células
inflamatórias. Em contraste, o pretratamento com EPI diminuiu o infiltrado de células
inflamatórias, formação de edema e perda de células epiteliais. Naproxeno aumentou os níveis
de MPO e MDA (MPO: 10,9 ± 1,8 U/mg e 18,3 ± 1,5 U/mg de tecido gástrico e intestinal,
respectivamente; MDA: 157,3 ± 18,1 nmol/g e 313,8 ± 33,3 nmol/g de tecido gástrico e
intestinal, respectivamente) e reduziu os níveis de GSH (76,79 ± 11,70 mg/g e 93,1 ± 20 mg/g
de tecido gástrico e intestinal, respectivamente). No entanto, EPI alterou os parâmetros gástricos
bioquímicos, reduziu MPO (3,4 ± 0,3 U/mg de tecido), MDA (70,4 ± 8,3 mg/g de tecido) e
GSH (246,2 ± 26,4 mg/g de tecido), enquanto mudou no tecido intestinal apenas GSH e MPO
(189.5±27.2 mg/g and 11,39 ± 2,6 U/mg de tecido, respectivamente). Naproxeno diminuiu a
quantidade de muco aderido (0,0224 ± 0,0057 μg/g de tecido) quando comparado ao grupo
controle. Entretanto, o pré-tratamento com EPI não modificou esses efeitos fisiológicos quando
comparados com o grupo controle (0,0262 ± 0.0061 μg/g de tecido, i.p. e 0,0258 ± 0.0041 μg/g
de tecido, v.o.). Na secreção ácida gástrica, EPI não mostrou nenhuma alteração no volume, pH
e total de acidez. Naproxeno aumentou os níveis do fator de necrose tumoral (TNF-α)
(988.2±52.01 pg/mL) enquanto o pré-tratamento com EPI reduziu (700,5 ± 59,95 pg/mL). Por
fim, no FSG, EPI i.p. aumentou o fluxo sanguíneo em 15% sugerindo importante fator de
gastroproteção. Nossos resultados sugerem que EPI i.p. desempenha sobretudo papel
gastroprotetor na lesão induzida por naproxeno através de mecanismos antioxidantes, redução
de citocina inflamatória e aumento da taxa de FSG.