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CAROL DE ARAUJO BARBOSA
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CRIAR, A QUE SERÁ QUE SE DESTINA? (Sentidos do processo criativo em encontros e desencontros entre artesãs e designers, sob o signo do empreendedorismo, na Cooperart-Poty em Teresina - PI)
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Orientador : MARIA DIONE CARVALHO DE MORAIS
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Data: 20/12/2018
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Nesta pesquisa, volto o olhar sobre o processo criativo do grupo de artesãs ceramistas do Poti, composto por cerca de trinta mulheres integrantes da Cooperativa de Artesanato do Poti Velho (Cooperart-Poty). No processo, desde os inicios da constituição deste grupo, e da formação dessas mulheres como artesãs, observa-se a presença do design e de designers junto às artesãs, entre consensos e dissensos, mas, sempre com profissionais do design dirigindo o processo criativo. Partindo da perspectiva de que as relações sociais, em especial, as que envolvem o fenômeno da criatividade, estão permeadas pelas subjetividades dos indivíduos em constante tensão com as objetividades, reflito sobre como nesta equação, no caso em apreço, a autonomia criativa do grupo é submetida a imperativos da materialidade da vida, uma vez que o grupo em questão, constituído por mulheres tidas como de baixa renda, e fora do mercado de trabalho formal, é objeto de ações da aliança público-privada, com vistas à geração de trabalho e renda. As origens do grupo remontam ao contexto do final dos anos 1990, quando a crise no mundo trabalho reorientou políticas econômicas e de geração de renda e trabalho, com base na ideologia do empreendedorismo. No contexto, a criação de cooperativas de mulheres incluiu-se nas ações voltadas à (re)vitalização da atividade artesanal, pela ótica do empreendedorismo, consequentemente, adequando-a à estética do mercado e da competitividade. Nesta mirada, a criatividade das mulheres, transformadas, gradativamente, em artesãs, foi delimitada por intervenções variadas, sobretudo, de capacitações patrocinadas por instituições como Serviço de Apoio às Pequenas e Micro Empresas (Sebrae), Fundação Wall Ferraz (FWF), e Secretaria Municipal de Economia Solidária (Semest). Por meio destas, foram/são produzidas coleções de peças artesanais, com vistas a exposições, concursos e comercialização. Realizei levantamento das realizadas entre 1998 e 2017: coleções de bijuterias, de peças decorativas e utilitárias, sempre, em cocriação com profissionais do design. Como fundamentação teórica, focalizo categorias e conceitos como gênero, cooperativismo, design, artesanato, criatividade, e processo criativo, em diálogos interdisciplinares com autores(as) diversos(as). Na pesquisa documental, debrucei-me sobre o regimento da cooperativa de artesãs, certificados de capacitações, conteúdos de documentos físicos e virtuais (em sítios diversos), acervos fotográficos, dentre outros que possibilitaram reconstruir trajetórias dos sujeitos e do lócus empírico. Na pesquisa de campo, recorri à observação direta e participante, de cunho etnográfico, utilizando diário de campo, realizando entrevistas gravadas, e produzindo imagens fotográficas. Foram ouvidas treze artesãs cooperativadas, que passaram por capacitações para desenvolvimento de coleções, e quatro designers com atuações junto à Cooperart, além de três representantes de agências apoiadoras distintas. Os resultados da pesquisa forma construídos, em parte, pela interpretação de sentidos acionados por artesãs, e por designers, acerca de suas atuações no processo criativo de coleções, em cocriações, envoltas por conflitos, dissensos e consensos, objetividades e subjetividades, fantasias e concretudes. Também, de sentidos acionados por sujeitos apoiadores. Dentre as conclusões, constatei, dentre outras, que na relação entre artesãs e designers, estes(as) atuam como legitimadores(as) do gosto e das estéticas que orientam as criações, como intermediadores(as) de imperativos mercadológicos, e que a autonomia criativa do grupo de artesãs não é significada positivamente, como parte do processo, ainda que discursos de empoderamento sejam acionados. As capacitações ocorrem de modo frequente, não alcançando expectativas mais subjetivas do grupo, em termos da própria criatividade, além do que não há tempo hábil para que haja absorção efetiva dos aprendizados, ficando as artesãs mais como executoras, que como detentoras de algum saber, embora, nos interstícios deste sistema, haja subversões.
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ERIKA CAROLINA PORTO DE GÓIS
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VELHICES E MASCULINIDADES: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS ENTRE HOMENS IDOSOS PARTICIPANTES DE GRUPOS DE CONVIVÊNCIA
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Orientador : LUDGLEYDSON FERNANDES DE ARAUJO
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Data: 17/12/2018
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Em todo o mundo visualiza-se um processo de envelhecimento populacional que acarreta várias alterações socioeconômicas e políticas. Amplia-se o entendimento da existência de velhices evidenciando a pluralidade e heterogeneidade desse fenômeno. Quando se trata da velhice masculina ressaltam-se as dificuldades vivenciadas pelos homens nessa fase da vida, quando se confrontam os discursos de masculinidade e as práticas sociais, especialmente, nos aspectos relacionados ao trabalho, família, sexualidade e autocuidado. Destarte, o presente estudo tem como objetivo geral analisar as representações sociais das velhices masculinas entre homens idosos participantes de grupos de convivência. Pauta-se na Teoria das Representações Sociais de Serge Moscovici porque permite aprofundar os múltiplos saberes e partilha das experiências possíveis na velhice uma vez que propõe revisitar os conceitos empreendidos na história, tornar familiar algo que seja estranho em algum momento pretendendo travar novos diálogos e escolhas na construção das identidades, motivando uma ciência mais próxima do cotidiano. Trata-se de uma pesquisa quantitativo-qualitativo com dados transversais e por conveniência. Define-se como indicadores de inclusão: homens com no mínimo 60 anos, capacidade cognitiva preservada para manter um raciocínio lógico e boa comunicação com a pesquisadora; participarem há pelo menos um ano (12 meses) do grupo. Nessas condições encontrou-se cincohomens que integram o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de idosos ofertado nos Centros de Referência da Assistência Social do município de Parnaíba, Piauí. Com o intuito de conhecer o perfil dos participantes, fez-se o uso de questionários sociodemográficos; para conhecer as representações sociais optou-se pela Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP) e entrevistas semiestruturadas. Os homens idosos representam sua velhice como tempo de perdas fisiológicas e sociais, sincrônico a isso, se eleva a experiência e exige-se do indivíduo idoso aceitação das mudanças advindas do processo de senescência que inclui comorbidades e limitações em algumas habilidades e práticas cotidianas. Diferente dos discursos dominantes sobre masculinidades encontrou-se nessa pesquisa homens que reconhecem a importância do autocuidado e se inserem em grupos de convivência pela própria vontade. Os grupos de convivência são referenciados pelos homens como ambiente propício de saúde, socialização e aprendizado atuando como estratégia para combater o isolamento social preservando a auto-estima, vínculos de amizade e práticas de cuidado. A principal dificuldade dessa pesquisa foi encontrar homens com mais de doze meses de participação nos grupos de convivência. Espera-se que os resultados dessa dissertação contribuam para ampliar o conhecimento acerca da velhice masculina especialmente no que tange as representações dos homens idosos sobre os grupos de convivência tornando-se fundamento para repensar as políticas direcionadas aos homens idosos de modo a contemplar suas demandas e desejos.
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MILANE BATISTA DA SILVA
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CADÊ O ARCA QUE ESTAVA AQUI? (Experiências do Programa Arca das Letras nos rurais teresinenses, entre sentidos de positividade e de negatividade acionados por agentes de leitura e da gestão pública)
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Orientador : MARIA DIONE CARVALHO DE MORAIS
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Data: 23/11/2018
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O ponto de partida, nesta pesquisa é o entendimento de rural e urbano, campo e cidade, como categorias de classificação do mundo social, espaços geossimbólicos, seja como conceito seja como representação social e de que o debate sobre rural e relações rural-urbanas não pode ignorar inflexões – nas representações de rural, como periférico – voltadas à perspectiva de cidadania cultural. Isto aponta para a necessidade de pensar políticas de cultura, no campo, com a mesma atenção dada a áreas urbanizadas, uma vez que, em localidades rurais, estas políticas ainda não apresentam protagonismo. O Programa Arca das Letras, da Secretaria Especial de Agriculta Familiar e do Desenvolvimento Agrário (SEAD), instituído em 2003 por demanda de movimentos sociais, apresenta-se como uma política cultural de incentivo à leitura voltada para povos rurais, visando a disponibilizar o acesso a livros e a capacitar agentes de leitura. Nesta pesquisa, focaliza-se a experiência do Programa em localidades rurais do Município de Teresina, Estado do Piauí, capital brasileira com a maior área rural do país, buscando compreender a produção de sentidos de atores sociais envolvidos, em particular agentes de leitura e agentes da gestão pública relacionado(as) ao programa. Nesta pesquisa, a abordagem é predominantemente qualitativa e interpretativa, com aporte da sociologia interpretativa, em diálogos com a antropologia interpretativa e a psicologia social. Teve como abordagem metodológica, pesquisas teórica, documental e de campo. A pesquisa teórica focalizou categorias e conceitos como políticas culturais; práticas culturais; políticas do livro e da leitura; livro, leitura e biblioteca; leitura e relação da produção de livros com o mercado; ruralidades, povos rurais. A pesquisa documental voltou-se para documentos do Programa Arca das Letras e afins. A pesquisa de campo, em um trabalho de observação direta, cobriu as 29 localidades – e uma Associação – onde foi instalado o Programa Arca das Letras, nos rurais teresinenses.Foram ouvidos agentes de leitura dos rurais teresinense e agentes da gestão pública nos planos nacional e estadual. Os resultados da pesquisa apontam para uma produção de sentidos os quais puderam ser categorizados nas dimensões de positividade e de negatividade. Constatou-se a desativação do programa nos rurais teresinense, e o consequente sentimento de abandono expressado nas falas de agentes de leitura; bibliotecas, ainda ativas, funcionando, predominantemente nas sedes de algumas escolas e creches; quase nenhuma informação da gestão pública sobre a situação do programa em Teresina. Em um plano mais geral, extrapolando os limites do município de Teresina, constata-se, com base na pesquisa que, apesar de o Arca ter-se expandido no Brasil, o Programa não teve força política necessária para obter maiores investimentos como política cultural, o que aponta para o lugar subvalorizado das políticas de cultura, sobretudo, as voltadas para povos rurais, no país, as quais não apresentam paridade com as voltadas a áreas urbanas. Assim, permanecem os desafios de uma maior atenção à relação entre ruralidades, povos rurais e cultura, como eixo em políticas de desenvolvimento.
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MAGNO VILA CASTRO JÚNIOR
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HABITAÇÃO SOCIAL LTDA: O PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA PELA ÓTICA DO CAPITAL CONSTRUTOR NO MUNICÍPIO DE TERESINA PI (2009- 2016)
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Orientador : FRANCISCO MESQUITA DE OLIVEIRA
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Data: 30/08/2018
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O Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) do governo federal tem se destacado como importante política pública habitacional no Brasil. Sua criação se insere num contexto mundial marcado pela crise no sistema capitalista do ano de 2008 e, em nível nacional, por políticas neoliberais que limitam o segmento social de baixa renda ao acesso à moradia. Tal política pública tem repercutido nas dimensões espaciais das cidades brasileiras e no planejamento urbano, mas sem resolver, de forma efetiva, a falta de moradia para essa população. Distingue-se, na implementação do referido programa, agentes do Estado e do mercado habitacional que atuam de forma estratégica. Para este último, a política habitacional possibilita mobilizar fundos públicos e confluem na dinamização de setores do mercado habitacional influenciando a expansão urbana brasileira. Delimitamos o objetivo geral da pesquisa em analisar a implementação do MCMV-Empresas pelas construtoras e sua influência no processo de acumulação do capital construtor na expansão urbana. Para tanto, analisamos as ações dos agentes do capital construtor na implementação do programa; a influência do processo de acumulação do capital construtor na expansão urbana do município de Teresina (PI) e; demonstramos a importância desse capital na produção do espaço urbano através da implementação da política habitacional entre os anos de 2009 e 2016. Metodologicamente, a pesquisa se apoia na abordagem qualitativa (BRUYNE, 1990; JACCOUD E MAYER, 2008), de perspectiva sociológica reflexiva. O método de estudo de caso foi utilizado como estratégia de investigação, estruturando-se a partir da pesquisa documental e da técnica de entrevista não-diretiva (MICHELAT, 1987; WHITAKER, 2002). A análise das informações foi realizada a partir da perspectiva da teoria da estruturação (GOTTDIENER, 1997; GIDDENS, 2009). A pesquisa aponta que aquisição de terreno, processo construtivo econômico e instalação de infraestrutura urbana as construtoras conduziram a implementação do MCMV-Empresas, contribuíram para a acumulação do capital construtor e para a expansão urbana recente no município de Teresina (PI), com baixa regulação dos poderes públicos.
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ALDO VIEIRA RIBEIRO
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EGRESSOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO DO IFPI/CAMPUS PIRIPIRI: IDENTIDADE PROFISSIONAL E A FALTA DE RECONHECIMENTO NO MERCADO DE TRABALHO LOCAL
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Orientador : FRANCISCO MESQUITA DE OLIVEIRA
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Data: 28/06/2018
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Com a crise do regime de produção industrial fordista a partir da década de 1970, o sistema capitalista, no bojo da globalização, passa por processos de reestruturação. Trata-se do regime de acumulação flexível. Ancorado na flexibilidade produtiva e no modelo de empresa enxuta toyotista, esse regime tem impactado o mundo do trabalho, ocasionando transformações em seu interior, eclodindo o debate teórico entre aqueles que tentam entender e explicar a natureza e as implicações sociais dessas transformações. Nesse debate, atenção é dada ao processo de qualificação dos trabalhadores para o processo produtivo. Sob a lógica do Toyotismo, o regime de acumulação flexível é apresentado como responsável por minimizar a divisão social do trabalho – típica do regime fordista de produção – e instituir um novo perfil de trabalhador ancorado na competência, empregabilidade e empreendedorismo. Nesse sentido, com base no arcabouço teórico de Marx (1996) e de outros estudiosos (ALVES G, 1999; 2007; ANTUNES, 1999; 2005; 2015; FRIGOTTO, 2005; 2010; RAMOS M., 2002; KUENZER, 1997; 2007; 2011; 2016; e MANFREDI, 2017) o presente estudo analisa a trajetória profissional de egressos da Educação Profissional no Estado do Piauí. O objeto empírico são os egressos das primeiras turmas dos cursos Técnicos Concomitantes/Subsequentes em Administração e Vestuário do IFPI/Campus Piripiri, que concluíram seus cursos entre os anos de 2011 e 2014. A coleta de informações realizou-se mediante a aplicação de questionário eletrônico, realização de entrevistas semiestruturadas, pesquisa bibliográfica e documental. A construção e interpretação dos dados ocorreu à luz das abordagens qualitativa e quantitativa. No tratamento dos dados utilizou-se a Estatística Descritiva e a técnica de Análise de Conteúdo proposta por Bardin (2002). No plano teórico, argumenta-se que o regime de acumulação flexível, ao revés do que é veiculado, intensifica a exploração do trabalho pelo capital. Quanto à instituição do modelo da competência defende-se que a sua difusão, constitui ardil adotado pelo capital para ocultar a sua lógica excludente, responsabilizando o trabalhador pelo (in)sucesso no mundo do trabalho. Os resultados da investigação, ancorados no discurso dos egressos, revelam que estes, apesar das dificuldades, conseguem inserção no mercado de trabalho local na condição de empregados, servidores públicos e empreendedores, ainda que a referida inserção ocorra em área diversa da formação profissional e sob a precarização do trabalho e desvalorização da qualificação técnico-profissional.
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KENNEDY DE BRITO RIBEIRO
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OS INDIVIDUOS NAS ORGANIZAÇÕES: UM ESTUDO ACERCA DA CORRELAÇÃO EXISTENTE ENTRE AS ORGANIZAÇÕES INFORMAIS E A ORGANIZAÇÃO BUROCRÁTICA NO ÂMBITO DE UM HOSPITAL PÚBLICO DO PIAUÍ.
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Orientador : CARLOS ANTONIO MENDES DE CARVALHO BUENOS AYRES
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Data: 30/05/2018
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A sociedade moderna aponta as organizações como um importante ambiente condicionador dos indivíduos, de suas ações e relações sociais. Os indivíduos passam a maior parte de suas vidas dentro de organizações, as mais diversas possíveis. Na sociedade moderna, esses indivíduos nascem, crescem, estudam, trabalham, se casam, cuidam de sua saúde e morrem dentro de organizações. As melhores e principais oportunidades de trabalho são oferecidas pelas organizações e nelas os indivíduos expressam e concretizam essa dimensão tão significativa e definidora de suas vidas. Entre os diferentes tipos de organização, ganha destaque o modelo burocrático weberiano que traduz racionalidade, impessoalidade e controle do comportamento dos indivíduos. Com o advento da modernidade, esse modelo de organização ganha notoriedade e espraia-se por toda a sociedade ocidental, tornando-se a grande referência quando falamos de organizações, seja como parâmetro para aplicação, seja para estudos científicos que buscam compreender os ambientes organizacionais. Entretanto, nem todos os aspectos das organizações burocráticas foram detidamente pesquisados, mesmo nos estudos de Max Weber, a grande referência quando se trata de organizações burocráticas, cujos estudos foram focados nos aspectos formais das organizações. As organizações informais e sua correlação com a organização burocrática foram deixadas à margem dos seus estudos. Desta forma, situados em um contexto de modernidade e à luz do compreensivismo weberiano, estudamos um hospital público do Piauí, cujo modelo organizacional é burocrático, com o objetivo de compreender, interpretar e explicar a correlação existente entre as organizações informais e a organização burocrática. Realizamos pesquisa bibliográfica e de Campo, do tipo descritiva, com linha de raciocínio indutivo, processo de coleta de dados do tipo qualitativo, com uso de diário de campo, cuja técnica de investigação consistiu em observação direta passiva e entrevistas, com análise interpretativa dos dados levantados. Neste estudo, o pesquisador-observador assumiu uma postura de indiferença etnometodológica ao abordar a realidade concreta da vida dos indivíduos no ambiente organizacional, em seu cotidiano de trabalho. Foram participantes desta pesquisa os indivíduos que trabalham em um dos setores do hospital público do Piauí, campo da observação proposta.
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MARINA PINHEIRO SOUSA
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VIOLÊNCIA DE GÊNERO: OS SIGNIFICADOS PRODUZIDOS POR MÃES/RESPONSÁVEIS SOBRE O ABUSO SEXUAL INTRAFAMILIAR INFANTO-JUVENIL FEMININO
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Orientador : RITA DE CASSIA CRONEMBERGER SOBRAL
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Data: 28/05/2018
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O estudo trata da discussão sobre a violência sexual, na perspectiva de gênero, tendo como ênfase o abuso sexual intrafamiliar de crianças e adolescentes, fenômeno persistente que perpassa por múltiplas relações sociais construídas pelos sujeitos sociais na sociedade brasileira, estando presente independente de raça, etnia, classe social, geração. A violência de gênero se apresenta sob as mais diversas formas e com grandes repercussões para as mulheres, sendo elas adultas ou crianças, e para suas famílias, assim como, para a sociedade e o Estado, tendo em vista demandar políticas de enfrentamento desse fenômeno social. Na história social da humanidade, no que se refere às relações entre os sexos, há predominância da dominação masculina sobre as mulheres, estabelecendo desigualdades de gênero, relações de poderes desiguais e contribuindo ou mesmo provocando violência contra mulheres. O estudo teve como objetivo analisar os significados produzidos pelas mulheres/mães de meninas vítimas sobre o abuso sexual intrafamiliar infanto-juvenil feminino. Trata-se de um estudo de caráter predominantemente qualitativo, com o uso de entrevista semiestruturada para a apreensão das perspectivas das sujeitas pesquisadas, com apoio do diário de campo para anotações complementares as entrevistas. A análise discursiva (SPINK, 2010) tratará os dados da realidade em estudo. A pesquisa aconteceu na cidade de Teresina-PI, tendo como sujeitas da pesquisa mães/responsáveis de crianças e adolescentes do gênero feminino que foram vítimas de abuso sexual no âmbito familiar, que estão ou já tenham sido atendidas pelos Centros de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) e pela Casa de Zabelê, nos últimos dois anos (2015-2017). Consideram-se as diferenças classes sociais das vítimas de violência, por entender que a violência de gênero está presente em todas as classes sociais. Embora tenham várias pesquisas sobre abuso sexual intrafamiliar infantojuvenil feminino, são escassas as investigações que trata tal fenômeno como violência de gênero, além de pesquisar as mães/responsáveis. Portanto, a relevância social dessa investigação está em compreender os significados do abuso sexual intrafamiliar infantojuvenil feminino nos discursos de mães/responsáveis das vítimas, com o propósito de contribuir com a temática em questão. A fundamentação teórica foi elaborada através da contribuição de diversos autores. A perspectiva de gênero numa concepção de análise relacional e histórica tem por base Scott (1989, 2012); Saffioti (1999, 2004, 2005), Lauretis (1994). A ênfase nas relações de poder tem por base Foucault (2016) e Bourdieu (1998, 2002). A compreensão da violência de gênero intrafamiliar, houve a contribuição de: Azevedo (1985); Saffioti (1995,2004; 2001); Pateman (1993); Azevedo e Guerra (2011), entre outros. A família contemporânea é considerada nos termos de Narvaz e Koller (2004); Ney (1995); Castell (1999,2010); Singly (2007); Petrini (2005), e Goldani (1993), dentre outros. Na reflexão a cerca da mãe no cenário da violência, buscou analisar Botelho (2014), Cantelmo (2010), Goldferd (2000), Habigzang (2006), Machado (2006); Motta (2008), Narvaz (2005) entre outros. Os resultados dessa investigação revelados atráves dos discursos das mães/responsáveis demonstram que o abuso sexual intrafamilia infantojuvenil feminino atinge toda a dinâmica familiar, seja de forma direta e/ou indireta, extrapolando o contexto entre a vítima primária e o agressor. Além dissos, a transgeracionalidade é fator importante nas famílias vítima do abuso sexual, influenciando na denúncia ou não da violência sofrida pela filha, provocando muitas vezes conflitos e rupturas nas relações parentais e nas redes familiares e sociais.
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IANARA SILVA EVANGELISTA
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Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim: rotas críticas de mulheres que romperam o ciclo de violência
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Orientador : MARY ALVES MENDES
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Data: 27/04/2018
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A violência doméstica e familiar é um problema social grave e complexo, fruto das relações de poder entre os sexos, atinge mulheres de todas as classes sociais, raça, etnia, idade, religião ou nível de escolaridade. O feminismo tem sido fundamental na luta pela igualdade de direitos entre mulheres e homens, tornando esse problema visível e reconhecido como violação de direitos humanos. Nesse sentido, diversas medidas de enfrentamento e combate foram criadas provenientes de acordos, pactos, leis e conferências onde o Brasil é signatário (MORAES & SORJ, 2009). O objetivo geral desse estudo é compreender o processo de ruptura das mulheres que vivenciaram a violência doméstica e familiar, considerando seu percurso na rota crítica, com a finalidade de saber sobre os fatores impulsionadores, inibidores e estratégias de rompimento utilizadas nesse trajeto. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com aplicação de entrevistas semiestruturadas e observações sistemáticas junto às mulheres egressas da Casa Abrigo “Mulher Viva”. O tratamento analítico dos dados se deu por meio da Análise de Discurso. A fundamentação teórica ancorou-se na concepção de gênero como elemento constitutivo das relações sociais e relações de poder (SCOTT, 1995; BOURDIEU, 2011; FOUCAULT, 2015); na discussão sobre violência contra mulheres, destacando seus tipos, termos correlatos e políticas públicas de enfrentamento (ALMEIDA, 2007; BRASIL, 2011; STREY, 2004) e sobre Rota Crítica (SAGOT, 2000), compreendida como um complexo emaranhado de atitudes e decisões tomadas pelas mulheres visando sair do ciclo de violência. Os resultados encontrados mostraram que os fatores impulsionadores do rompimento, perpassam situações de saturação das violências sofridas que são potencializadas pelas práticas de ingestão de bebidas alcoólicas, uso de drogas, sucessivas traições e aumento gradativo da violência dos(as) (ex)companheiros(as) contra elas e seus(suas) filhos(as). Dentre os fatores inibidores do rompimento, destacou-se o medo em relação às ameaças recebidas, medo de denunciar e de morrer, esperança na mudança comportamental dos(as) (ex)companheiros(as), ineficiência institucional dos serviços de atendimento, falta de apoio familiar e/ou dos amigos(as) e dependência financeira. Em relação às estratégias de enfrentamento/rompimento, que dão início quando encerram o silêncio, constataram-se as saídas temporárias de casa, mudanças de contatos (telefone e endereço), continuidade dos estudos, inserção no mercado de trabalho, apoio das suas redes sociais e da rede institucional, quando acionadas. As mulheres rompem com o ciclo de violência quando constroem um processo interno de fortalecimento pessoal, apoiado pelas redes pessoais e institucionais, e nesse processo apresentam sinais de empoderamento.
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LÍLIA LEITE BARBOSA
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RACIONALIDADE COMUNICATIVA AMBIENTAL E GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM TERESINA: ENCONTROS E DESENCONTROS DE SENTIDOS
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Orientador : MARIA SUELI RODRIGUES DE SOUSA
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Data: 23/04/2018
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A atual dinâmica sociedade-natureza exige novos olhares no processo de transformação do conhecimento e na construção do saber frente às questões ambientais. O adensamento populacional, e, consequentemente, a acelerada urbanização das cidades, não tão longínqua, no mundo e no Brasil, trazem uma mudança de paradigma nos processos de produção e de consumo de bens. A vida urbana implicou em uma “crise ambiental”, na medida em que potencializou problemas como poluição atmosférica, excesso de tráfego e de ruídos, ocupações indevidas em áreas que deveriam estar protegidas, loteamentos clandestinos, falta de espaços verdes, enchentes, esgotos domésticos lançados nas ruas sem qualquer tipo de tratamento e, principalmente, no crescimento dos lixões a céu aberto. O presente trabalho busca investigar os encontros e desencontros de sentidos dados à gestão dos resíduos sólidos na cidade de Teresina (PI), para isso, o pressuposto adotado considera que as normatizações que tratam da temática gestão de resíduos sólidos, encontram-se no campo de tensões entre facticidade e validade. Neste contexto, o arcabouço teórico da pesquisa parte de categorias como Racionalidade Comunicativa (HABERMAS, 1989, 1997), Racionalidade Ambiental (LEFF, 2002), e de sua hibridação (Racionalidade Comunicativa Ambiental - RCA) para demonstrar como são incorporadas e vivenciadas as práticas de uma RCA na cidade de Teresina através das políticas públicas instituídas pelo poder público e de como a população recebe estas ações. O problema de pesquisa deu origem à seguinte questão: como se relacionam racionalidade comunicativa, políticas públicas, legislação e ações de gestão de resíduos sólidos em Teresina? E como resposta, a perspectiva de que há encontros e desencontros de sentidos, considerando tratar-se de racionalidade comunicativa, portanto processual, que amplia os encontros de sentidos na medida em que os processos comunicativos são ampliados. Em decorrência, o objetivo geral da investigação visa analisar a dinamicidade existente entre a racionalidade comunicativa, as políticas públicas e a legislação na gestão de resíduos sólidos na cidade de Teresina. E para atingir esse objetivo geral, foram traçados os seguintes objetivos específicos: discorrer sobre a questão ambiental, incluindo resíduos sólidos como parte do meio ambiente; discutir a normatização sobre resíduos sólidos em âmbito nacional e local, bem como as práticas da política de gestão dos resíduos sólidos da Prefeitura Municipal de Teresina e, por fim, discorrer sobre os sentidos de resíduos sólidos como racionalidade comunicativa e ambiental. Trata-se de pesquisa com abordagem qualitativa pela leitura e interpretação de documentos normativos federal e municipal e dos dados coletados através de aplicação de entrevista semiestruturada, diário de campo e registros fotográficos, com organização em mapas de associação de ideias pelas categorias teóricas adotadas.
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FRANCISCO WERIQUIS SILVA SALES
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"AO NOSSO VER É A FELICIDADE", "É A LIBERDADE": BINARISMO DE GÊNERO E HETERONORMATIVADE EM SOCIABILIDADES JUNVENIS NUMA ESCOLA TERESINENSE.
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Orientador : FRANCINEIDE PIRES PEREIRA
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Data: 02/04/2018
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A relação entre escola e sexualidade é marcada por disputas de poder, tensões referentes à posicionamentos diversos acerca do lugar que ocupa a sexualidade na prática dos sujeitos no exercício do processo educacional. No tocante aos corpos dissidentes de gênero e sexualidade, em conflito com a heteronorma, essa relação é, ainda mais, marcada por meticulosa vigilância e disciplinamento. Entendendo a escola enquanto espaço sociocultural, objetivo compreender os desdobramentos subjetivos da heteronormatividade e do sistema binário de gênero, enquanto dispositivos normativos, nas sociabilidades de jovens dissidentes de gênero e sexualidade e as estratégias de subversão, produzidas por esses sujeitos, a esses dispositivos, no contexto de uma escola pública de nível médio de Teresina-PI. Verificando como se dão as experiências relacionadas à vivência da sexualidade desses jovens e possíveis transgressões ao modelo heteronormativo no espaço escolar, identificando os discursos produzidos sobre sexualidades, e apreendendo como esta atua na formação dos seus grupos de sociabilidade. A pesquisa foi qualitativa, operacionalizada por meio de etnografia no espaço da escola, com o uso de observação participante e oficinas com as/os discentes. Os discursos das/os jovens sobre si, ao tempo que denunciam o caráter naturalizado do gênero, apontaram a dinâmica estratégica do uso da feminilidade e masculinidade, ora como elemento necessário para se perceberem num estado de felicidade, ora atuando como mecanismo de sobrevivência em ambientes hostis, em outros como elemento de contestação da ordem do gênero e dos processos de violências que incidem sobre eles. Nos discursos sobre os outros, acionaram instituições como a escola e a família, além de docentes e discentes, e apontaram a importância que estes têm na forma como elas/es se percebem enquanto sujeitos e vivenciam sua sexualidade e o gênero. Suas experiências apontaram as formas como são re-produzidos discursos nas quais a heteronormatividade e o binarismo de gênero agem como dispositivos de normatização e apontaram mecanismos estratégicos de subversão e resistências da realidade e reconhecimento de suas existências, através principalmente dos grupos de sociabilidades nas quais interagem.
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MACILANE GOMES BATISTA
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GENERO, VIOLENCIA CONTRA MULHER E A ASSISTÊNCIA SOCIAL: PERCEPÇÃO DE GÊNERO DOS PROFISSIONAIS DO CENTRO DE REFERENCIA ESPECIALIZADA DA ASSISTENCIA SOCIAL-CREAS NO ATENDIMENTO ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA EM TERESINA - PI
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Orientador : MARIA ROSANGELA DE SOUZA
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Data: 26/03/2018
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As múltiplas expressões da violência de gênero, especificamente a violência contra a mulher, situa-se como tema central deste estudo. Tal violação (ões) significa, dentre vários aspectos, assumi-la (s) como assunto de políticas públicas, problematizando seu enfrentamento em face da institucionalidade vigente, mas, principalmente, adotando estratégias governamentais para proteger socialmente as mulheres. Este cenário tem o intuito de vislumbrar os avanços legais que referenciam garantias e direitos específicos às mulheres e, ao mesmo tempo, o desafio cotidiano do trabalho das equipes multidisciplinares que, dentre suas várias funções, está em atender os indivíduos e suas famílias em situação de risco social e pessoal. A presente investigação visa identificar a percepção de gênero que atravessa o atendimento dos profissionais dos CREAS às mulheres em situação de violência. O objeto de estudo baseia-se no fato de que a assistência social é integrante da rede de atendimento especializado à mulher em situação de violência, conforme preceitua as legislações e diretrizes, tanto da política de enfrentamento à violência contra as mulheres, bem como da própria política de assistência social, considerando, desta última, suas finalidades institucionais, perfil de público e dos referidos profissionais para atuação. Destes profissionais são exigidas diversas competências e habilidades, dentre elas, o enfoque de gênero. Pressuponho que o gênero é essencial como categoria analítica e de instrumentalização técnica no contexto profissional para uma efetiva atuação com diferentes indivíduos e famílias que se constituem como públicos diretos. Nesse aspecto, desenvolvi uma pesquisa por meio de uma abordagem predominantemente qualitativa. O estudo de caso foi uma técnica utilizada com os profissionais do CREAS/Norte, pois permitiu aprofundar questões no âmbito dos significados, aspirações, crenças, valores que se expressam no campo das relações, dos processos, dos fenômenos e representações sociais. Na operacionalização da investigação, foi realizado estudo bibliográfico e documental, além de entrevistas estruturadas individuais e em grupo com os cinco técnicos de referência no atendimento do CREAS (gerente, assistentes sociais, duas psicólogas) para a construção dos dados. No tratamento analítico dos dados foi utilizado a análise de discursos destes profissionais, levando em conta a transversalidade da percepção de gênero, a partir do público referenciado, o procedimento de trabalho adotado, da performance na articulação em rede. Para tal análise, foi adotada uma perspectiva que considere as representações sobre a realidade da violência contra a mulher e seu enfrentamento historicamente constituídos de disputas simbólicas e relacionais inerentes a contextos diversos. Os aportes teóricos que se articulam nesta pesquisa consistem no pensamento de Scott (1995) e Foucault (2014), para compressão de gênero como elemento constitutivo das relações sociais e de poder; além dos estudos de Oliveira e Cavalcanti (2007), Grossi (1998), Piscitelle (2002), Pasinato (2015), Laurentis (1994), Bandeira (2005) e Saffioti (2004), dentre outros que permitem a reflexão sobre gênero e violência contra a mulher. Considera-se a importância desse estudo por destacar a construção de papéis masculinos e femininos que atravessam relações de dominação produzindo a violência contra a mulher e, nesse processo, a subordinação feminina. Enfatiza-se que não é natural, nem estática e imutável, portanto, transformável. Sua desconstrução e/ou desnaturalização é processo social e histórico, sob entendimento que tais relações de poder são plurais, constituídas, instituídas e atravessam toda a sociedade.
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JOSÉ MARIA ALVES DA CUNHA
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FAMÍLIA, TRABALHO E GERAÇÃO: um estudo sobre as relações entre a pesca artesanal e o turismo na localidade Barra Grande - Cajueiro da Praia - Piauí
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Orientador : MARLUCIA VALERIA DA SILVA
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Data: 26/02/2018
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A localidade Barra Grande (Cajueiro da Praia – PI) há cerca de duas décadas tem percebido mudanças de ordem social, econômica e cultural oriundas da exploração de seus territórios aquático e terrestre pelo turismo, que tem condicionado um modo de vida diferente para membros de famílias pesqueiras artesanais, sobretudo no âmbito do trabalho, da organização familiar e geracional. Sendo assim, este trabalho tem por objetivo geral analisar as noções de reflexividade de membros de famílias pesqueiras artesanais de Barra Grande acerca dos seus modos de vida e das mudanças decorrentes da operacionalização do turismo nos seus territórios aquático e terrestre. E os objetivos específicos buscam: 1) Descrever como os membros das famílias pesqueiras constituem o trabalho, as relações de família e aspectos geracionais nos territórios aquático e terrestre; 2) Verificar como está sendo realizada a transmissão da tradição pesqueira artesanal e como a juventude local tem articulado suas vivências em meio à modernidade; 3) Relacionar como o turismo tem impactado as sociabilidades de membros das famílias pesqueiras a partir das categorias trabalho, família e geração. A pesquisa deriva de um estudo etnográfico, feito com observação participante e realização de entrevistas semiestruturadas, servindo de apoio o diário de campo. Entre homens, mulheres e jovens, participaram dezenove pessoas de três famílias pesqueiras. A pesquisa de campo ocorreu entre agosto e outubro de 2017, durante cerca de 60 dias. A pesca foi gradativamente a mais acometida pelas transformações decorrentes da vida moderna. Houve redução sensível do número de pescadores, sobretudo pela mudança da atividade tradicional para a assalariada por parte de novos possíveis pescadores. Mesmo assim, a pesca tem sobrevivido com a adoção do turismo enquanto possibilidade de ampliação do lucro pela venda direta do pescado a turistas/excursionistas, embora a população nativa ainda predomine como cliente. Os homens adultos continuam o labor na pesca, enquanto as mulheres passaram a experimentar o trabalho nas lides do turismo, admitindo novas orientações quanto à divisão do trabalho doméstico. A posição da mulher ganhou avanços, mormente pela capitalização que lhe destacou em casa, diminuindo a sujeição e a subordinação aos maridos, com autonomia e breve independência, mas ainda marcada por restrições. A juventude apresenta-se com distinção, pois passa por um estágio importante de deslocamento identitário. Para jovens locais, a pesca como modo de vida ficou no passado, acumulando possibilidades de trabalho ou da constituição de suas individualidades mediante a realização de seus projetos de vida, bem como pelo rápido assalariamento nos equipamentos do turismo. Portanto, as mudanças são de grande monta e particulares às pessoas que de certa forma tem sabido tirar proveito das condições que lhes foram impostas pela atividade do turismo, principalmente pelo fator econômico.
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LUISA NAYRA DA SILVA GOMES
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INDISCIPLINA EM TEMPOS DE MEDICALIZAÇÃO: UM ESTUDO HISTÓRICO-CULTURAL EM TERESINA-PI
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Orientador : FAUSTON NEGREIROS
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Data: 26/02/2018
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O presente trabalho tem como tema o processo de medicalização da indisciplina escolar e como principal objetivo compreender o processo de produção sócio-histórico-cultural da indisciplina escolar e sua relação com o fenômeno da medicalização da educação e sociedade em uma instituição de ensino de Teresina-PI, como objetivos específicos inquirir os aspectos sócio-histórico-culturais da produção da indisciplina no cotidiano de uma instituição de ensino, levantar o perfil sociodemográfico dos alunos encaminhados com queixa de indisciplina escolar e caracterizar a medicalização da educação e sociedade frente a indisciplina reduzida ao contexto escolar. A fundamentação teórica se deu, sobretudo a partir de uma perspectiva pautada principalmente nos referenciais da Sociologia, Sociologia da Educação, Psicologia da Educação, Pedagogia e Antropologia. No campo da In/disciplina os principais autores utilizados foram Aquino (1998), Estrela(1994), Prairat(2004), Foucault(2005; 2013), Pereira&Perreli(2009) e Silva(2007) no campo da Medicalização da Sociedade e Educação os autores mais utilizados foram Illich(1981), Conrad(1990), Zola(1972), Luengo(2009), Moysés e Collares(1994; 2015). Trata-se de um estudo qualitativo de caráter descritivo de base etnográfica, a pesquisa contou com a participação de 156 participantes entre discentes, monitores, militares, professores e servidores, como instrumento de coleta de dados utilizou-se questionários sócio demográficos, questionários com questões abertas e fechadas, diários de campo e roteiro de entrevista. Para análise de dados foi usado o software Iramuteq que é um programa de análise textual, após transcrição das entrevistas e questionários, foi utilizada também a técnica de Hermenêutica de Profundidade- HP para análise, que se divide em três fases sendo a primeira a análise sócio-histórica que tem por objetivo a reconstituição criteriosa das condições sociais de produção do objeto estudado, a segunda é a análise discursiva que corresponde ao estudo de como a fala/imagem do objeto é transmitida e a terceira e última é a reinterpretação dos dados obtidos onde há a explicação interpretativa plausível e bem fundamentada do fenômeno investigado. Os procedimentos metodológicos se deram inicialmente com a submissão do projeto ao Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Piauí, Campus Ministro Reis Veloso (CMRV), com autorização e número de CAAE: 56872716.3.0000.5669 obtendo aprovação por meio do parecer consubstanciado 1.958.088 em segui o parecer foi entregue aos órgãos competentes para início da pesquisa bem como a direção da escola, em seguida iniciou-se o contato com a escola, após o aceite da mesma. A pesquisa no campo partiu do contato com a escola, e em seguida com a inserção no meio escolar com registro em diários de campo para depois a realização das entrevistas e aplicação de questionários. Após observação e coleta de dados foi perceptível que as queixas sobre indisciplina escolar são maiores nas turmas de 1º do ano do ensino médio e reduzem significativamente no 3º, as maiores intervenções realizadas pela escola são relacionadas as faltas disciplinares que possuem uma penalidade ou punição própria, as faltas mais reincidentes dos alunos se referem a alteração no fardamento e uso de tecnologia/rede sociais na escola, foi visível ainda o cuidado com os alunos por parte do corpo escolar não apenas dentro dos muros da escola, mas fora também através de uma rede de cuidado constituído dentro da própria escola utilizando ,além da comunicação com a família, rede sociais.
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MAYARA MAIA IBIAPINA
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PERCEPÇÃO DE CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS: um estudo sobre pescadores artesanais na Comunidade Pedra do Sal (PI)
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Orientador : FERDINAND CAVALCANTE PEREIRA
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Data: 26/02/2018
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A Comunidade Pedra do Sal está situada no litoral norte do estado do Piauí, surgiu inicialmente através da atividade pesqueira, como as demais comunidades situadas nesta região, além da pesca, a comunidade apresenta uma diversidade de atividades como a agricultura familiar, o extrativismo e o turismo, por isso, são encontrados também, uma diversidade também de atores. Atualmente, os moradores da Comunidade Pedra do Sal, enfrentam muitas intervenções em seu território que provocam situações de risco e conflitos socioambientais, nesse contexto, estão também o grupo central a construção deste trabalho, os pescadores artesanais, pois, além de problemas como a pesca industrial predatória, o aumento da população costeira, o avanço da urbanização coma a especulação imobiliária e o turismo de massa, ocorreu, no ano de 2008, a instalação de uma usina eólica causando grandes impactos em seu território. O objetivo geral da pesquisa é analisar a percepção dos pescadores artesanais da Pedra do Sal sobre os conflitos socioambientais que interferem na produção e reprodução do seu modo de vida. Trata-se de uma pesquisa de natureza exploratória de abordagem qualitativa que utiliza entrevista semiestruturada em uma amostra do tipo intencional e a observação direta para coleta de dados e recorre a pesquisa bibliográfica e documental para subsidiar as análises.
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