As mídias alternativas constituem uma importante fonte de informação para uma parcela significativa da sociedade brasileira atual, envolvendo grupos sociais que compartilham entre si afinidades culturais, sociais e ideológicas. A partir disso, o presente trabalho tem como objetivo a análise do contrato de informação midiático nos discursos da revista Mátria (uma publicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE), considerando o contexto político dos últimos três presidentes do Brasil. Tomamos como corpus seis reportagens publicadas nas edições dos anos de 2015, 2016, 2017, 2018, 2019 e 2020 da referida revista. Nossa base teórica tem como centro a Semiolinguística aplicada aos discursos das mídias, conforme Charaudeau (2001; 2016a; 2016b; 2017 e 2018). Esta pesquisa possui um caráter documental, tendo um cunho qualitativo e interpretativo. Foram feitas leituras e interpretações dos textos, bem como a identificação e a classificação dos fenômenos nas reportagens, acompanhadas de uma análise das circunstâncias discursivas. Os resultados revelam uma instância de produção caracterizada pela luta sindical e pela defesa dos trabalhadores em educação, projetando uma instância de recepção predominantemente feminina em função da qual a revista é nomeada e são direcionadas a maioria das temáticas abordadas. A revista Mátria incorpora as características de uma mídia alternativa por não possuir uma perspectiva mercadológica e por privilegiar temáticas que não interessam aos grandes meios de comunicação. Os discursos da revista se estruturam a partir de uma sequência de atos de linguagem nos quais são privilegiados os processos evenemenciais de construção do acontecimento através de ações de modificação, percepção e significação, tendo como principais operadores a socialidade e a imprevisibilidade. Percebe-se um “eu comunicante” (EUc) que, a partir das atividades linguageiras de descrição-narração e explicação, se contrapõe aos governos Michel Temer e Jair Bolsonaro, ao passo em que se aproxima ideologicamente do governo Dilma Rousseff. Com isso, concluímos que a revista possui uma identidade coletiva feminista, que se contrapõe, principalmente, a uma identidade coletiva androcentrista/patriarcal/sexista, apresentando um contrato de comunicação que visa uma aproximação com o “tu interpretante” (TUi), no intuito de conscientizá-lo e de torná-lo agente multiplicador das ideias apresentadas.