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Banca de QUALIFICAÇÃO: JANAIRA CAROLINE DA SILVA RODRIGUES

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: JANAIRA CAROLINE DA SILVA RODRIGUES
DATA: 13/06/2025
HORA: 14:00
LOCAL: QUALIFICAÇÃO DE TESE
TÍTULO: PONCIÁ VICÊNCIO: UM PREFÁCIO DE LEITURA A LITERATURAS AMEFRICANAS CONTEMPORÂNEAS ESCREVIVENTES E ESTUDOS DE IDENTIDADES NEGRAS
PALAVRAS-CHAVES: Conceição Evaristo: romance escrevivente; Prefácio; Literatura amefricanas contemporâneas; Identidades negras.
PÁGINAS: 85
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Letras
RESUMO:

Os Estudos Literários ao trabalharem a temática identitária, geralmente objetivam análises da representação de identidades negras nas diversas produções midiáticas. O conceito de representação nesses estudos evidencia uma problemática frequente: reforço da subalternidade (Spivak, 2010) de pessoas negras, seja pela violentação de seus corpos, através de discursos estereotipados, ou epistemicamente, engessando-os na posição de O outro do discurso, negando-lhes a capacidade de expressão (Sousa, Natália, 2018). Este trabalho surge da leitura de Olhares negros de hooks (2019), que nos instiga, a desenvolver perspectivas que rompam com os olhares hegemônicos sobre a negritude. Busca-se através de uma prática de pesquisa decolonial , o enfrentamento e reflexão dessas questões , de modo que possamos avançar , fazer a travessia necessária , construindo um espaço de debate para os saberes e vozes silenciadas e marginalizadas pelo projeto colonial. Pretende-se contribuir com os estudos de literaturas amefricanas (González, 1988), compreendendo a amefricanidade como metodologia do grupo de Pesquisa e Extensão Projeto Teseu, o labirinto e seu nome. Este estudo objetiva analisar o romance Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo (2017) como prefácio às escritas literárias amefricanas contemporâneas escreviventes e as relações possíveis aos estudos de identidades negras. A noção de contemporâneo vem de Jorge Augusto (2018), o procedimento poético escrevivente será tomado da leitura de Evaristo (2023), aqui lida em dupla dimensão, como romancista e ensaísta. Para alcançar esse objetivo delinearam-se os objetivos específicos: 1) Mapear as apropriações do conceito "escrevivência" dentro do atual andamento da comunidade científica do Estudo Literário, no Brasil, com foco nas pesquisas sobre literaturas amefricanas; 2) Examinar como o romance evaristeano, tomado como prefácio, constrói a relação com corpas amefricanas; 3) Discutir como a imagem poética do “pulso de ferro” constrói o conceito a noção desses mecanismos, de aprisionamento de vidas negras sob determinadas condições, que Silva Filho(2024) denomina ante-humanide 4) Refletir como as personagens negras expressam suas identidades na narrativa. Assumindo a amefricanidade como ferramenta metodológica, busca-se promover uma rasura ao epistemicídio relegado à produção negra, que vai desde a seleção do corpus desta pesquisa como a escolha de nossos pares teóricos trazidos ao diálogo, também amefricanos , uma postura de transgressão ao padrão consolidado na academia que geralmente se dá sob a égide eurocêntrica. O estudo se desenvolverá através de pesquisa bibliográfica qualitativa, a noção de prefácio construída por Glissant (2005) e tomada por Alves (2023) é tentativa de sistematizar para fins metodológicos, dentro da comunidade científica dos estudosliterários no Brasil . Para Alves (2022) “qualquer literatura nacional, a exemplo a literatura afro-brasileira, e, no limite, qualquer obra literária afro-americana, pode ser tomada, de modo econômico, como prefácio a um corpus mais amplo de literaturas afro-americanas, compreendidas à luz da noção glissanteana de Divers”. Deste modo, ao analisar-se Ponciá Vicêncio como texto inaugural da poética escrevivente evaristeana, enquanto metodologia de escrita , esse cumpre com o papel de, nas palavras da autora , acordar a casa-grande dos seus sonos injustos, a obra nos leva a perceber através da percepção da protagonista, Ponciá Vicêncio , exposta pela voz narrativa, a constatação de um fato, a existência de uma soberana mão que eternizava uma condição antiga , que atravessava gerações (a do seu avô Vicêncio , do seu pai ) e que ela não queria ver eternizada em sua vida , um pulso de ferro , que aprisionava as vivências negras em um condição de luta insana e sem glória em busca e na espera de melhorias que eles aguardavam após a abolição pela Lei Áurea , mas que nunca realmente experimentaram. Quando observamos a diegese, de modo mais atento, percebe-se que, para além do espaço da Vila Vicêncio , também na cidade , onde a protagonista parte deixando o povoado em busca de melhorias , ao olharmos para as condições de vida das pessoas negras , focalizadas ou não na vivência da personagem protagonista, é perceptível a atuação desse dispositivo , operando na manutenção dessa condição eterna, impedindo o avanço de pessoas negras em seus devires . De modo que chega-se à conclusão que para as pessoas negras, pela análise do romance , Ponciá Vicêncio , independente do lugar que essas estejam , existe o pulso de ferro delimitando suas existências , seus modos de ser e estar no mundo , aprisionando suas identidades em determinado tempo e certos espaços . Ao tomar o romance como prefácio, almeja-se evidenciar e defender a tese de que outras narrativas escreviventes também enunciam em suas escritas essa condição prenunciada por Ponciá Vicêncio e impõem sobre as vivências negras uma condição aparentemente imutável , permitindo-nos estabelecer uma relação entre a narrativa evaristeana e um corpo mais amplo de literaturas amefricanas, já estudadas, inclusive, dentro do Projeto Teseu e que, portanto comprovam a eficiência do método. Além disso, essa tese formulada nesses moldes por acreditarmos que tecer conhecimento em rede pode contribui para a efetivação desse projeto decolonial em decurso no tempo, trazendo para nós e os nossos fortalecimento, apoio, visibilidade , pois criamos espaços de escuta de nós, quebrando a ideia eterna de sulbaternidade, a qual nos enquadraram , bem como promovem um despertar para a busca de soluções frutíferas aos problemas que nos atingem enquanto pessoas negras na sociedade contemporânea, sejam em nossas lidas diárias, nossos modos de existir, ou em nossos modos de construir conhecimento. Nossas discussões acontecem em diálogo com os teóricos já citados, acima , além de amefricanos como Munanga (1988; 1999), Hall (2006), Fanon (2008), Kilomba(2009), hooks (2019b), Souza (2021), Collins (2019) .


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1637106 - ALCIONE CORREA ALVES
Interno - 1550705 - LUIZIR DE OLIVEIRA
Externo à Instituição - 991.***.***-10 - LÍVIA MARIA NATÁLIA DE SOUZA - UFBA
Notícia cadastrada em: 03/06/2025 08:03
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