Tomando como marco temporal a publicação do livro Mímesis e Modernidade (1980), com o qual se inaugura a fase madura do trabalho de Luiz Costa Lima, este trabalho tem como ponto de partida a “virada teórica”, marcada pelo resgate da antiquíssima categoria da mímesis, que o leva a elaborar uma compreensão do sujeito humano em sua tentativa mais ampla de compreender a literatura. Dessa maneira, o problema de pesquisa para o qual se voltam todos os itens constitutivos desta tentativa de construir uma via de acesso à obra do teórico brasileiro se insere na constatação, delineada acima, de que é toda a sua prática teórica que, a partir de 1980, atualiza uma interpretação antropológica da literatura, aqui denominada de a sua “Antropologia Literária”. Esta se atualiza por uma via, tomada por Costa Lima a partir daquele momento, em que os problemas teóricos – tão presentes na constituição da teoria da literatura como disciplina- a serem contemplados com vistas à elaboração de uma concepção de literatura passam a evidenciar a urgência de uma reflexão sobre o homem, bem como pela possibilidade que a literatura passa a ter de iluminar aspectos da própria criatura humana, apontando para uma possível função social sua. Dessa forma, voltando-se, de modo geral, para responder à pergunta sobre como isto se dá em sua obra, o esforço de discernir o ponto de vista antropológico adotado por Costa Lima se insere em uma lacuna presente no campo dos estudos direcionados para a obra do teórico brasileiro, no qual permanece por ser feita uma investigação profundae da ressonância existente entre a compreensão do sujeito por ele elaborada e sua compreensão da literatura. Tendo em vista a meta geral desse trabalho, o referencial teórico utilizado foi composto por autores centrais com os quais Costa Lima dialoga, tais como Immanuel Kant, Wolfgang Iser, Mikkel Borch-Jacobsen, Marcel Mauss e Émile Durkheim.