A presente pesquisa buscou investigar o significado qualitativo das políticas de ação afirmativa, especificamente as transformações proporcionadas pelas cotas étnico-raciais na vida de mulheres negras, egressas da Universidade Federal do Piauí (UFPI), analisando as transformações geradas pelo acesso ao ensino superior nos processos de mobilidade social de mulheres negras. O estudo parte da análise do contexto brasileiro, contextualizando dentro do capitalismo dependente brasileiro e a inserção do negro dentro dessa estrutura no pós- abolição. Partindo da premissa de que, apesar das cotas terem possibilitado um aumento no acesso de negros e negras às universidades, ainda persistem desafios significativos no que tange à inserção dessas mulheres no mercado de trabalho e à superação das desigualdades socioeconômicas. Analisando as relações dentro do movimento de mulheres com foco no feminismo negro, a pesquisa foi conduzida utilizando uma abordagem interseccional, com foco nos dados qualitativos obtidos por meio de entrevistas com egressas cotistas, sendo realizado um total de 3 entrevistas com alunas egressas e 1 com um aluno que participou do processo de implantação das comissões de heteroidentificação da UFPI e como membro das bancas. As entrevistas foram guiadas buscando compreender as experiências e percepções dos participantes sobre as cotas e suas trajetórias profissionais. Os resultados indicam que, embora as cotas representem um avanço, ainda há barreiras que limitam a mobilidade social, como preconceitos raciais e de gênero, além de fatores socioeconômicos que influenciam a inserção no mercado de trabalho e a permanência no ensino superior. Conclui-se que as políticas de cotas alteradas de complementos estruturais possam garantir efetivamente a equidade e a inclusão social, mas que existem desafios para a eficiência do cumprimento dos objetivos da lei.