Inserida na linha de estudos de Gênero, Sexualidade e Geração do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, proponho um estudo sobre as representações sociais de masculinidades no contexto educacional. A crescente participação masculina em atividades manuais, como a arte, me motivou a estudar as masculinidades. Para isso, realizei uma pesquisa com professores, utilizando a produção de fotografias bordadas. O objetivo geral da investigação é analisar as narrativas e experiências de um grupo-pesquisador composto por cinco professores do Colégio CEV em Teresina-Piauí, sobre suas percepções e vivências relacionadas à construção dos padrões sociais das masculinidades. A pesquisa é qualitativa e tem como metodologia a inspiração nos princípios da Sociopoética, utilizando métodos artísticos na geração de dados produzidos por meio de oficina. Além da entrevista individual, o Grupo Focal se destaca como uma ferramenta essencial na pesquisa qualitativa deste estudo. Ao promover a interação entre os participantes, essa técnica permite captar um leque mais amplo de percepções, sentimentos e ideias, permitindo uma compreensão mais profunda e rica dos fenômenos investigados, tal como aponta Gatti (2005). As fotografias bordadas produzidas pelos participantes revelaram uma rica diversidade de masculinidades, desafiando estereótipos e demonstrando o poder da arte como ferramenta de transformação social, especialmente quando se considera a interseccionalidade das experiências masculinas. Os resultados desta pesquisa enriquecem o campo educacional, propondo novas abordagens para a formação de professores e a construção de relações de gênero mais justas, além de estimular novas pesquisas. O referencial teórico inicialmente adotado para a pesquisa fundamenta-se nas discussões da masculinidade, representações sociais, performatividade de gênero, sociopoética e fotografias bordadas. A partir das contribuições de Bourdieu (1987), busco compreender como as masculinidades são construídas socialmente e como se relacionam com questões de poder e desigualdade. A teoria da performatividade de gênero de Butler (1990) nos auxilia a desvelar as práticas cotidianas que moldam as identidades masculinas, enquanto a sociopoética, inspirada em Gauthier (2005), nos permite analisar a dimensão estética e simbólica das produções, considerando a relação entre forma e conteúdo. O conceito de masculinidades de Connell (2015) permite-nos compreender como as fotografias bordadas são um campo de construção social das masculinidades, revelando as diferentes maneiras pelas quais os sujeitos se apropriam e negociam essas identidades. Ao mesmo tempo, a perspectiva de Susan Sontag (1977) sobre a fotografia como linguagem e como forma de poder nos auxilia a compreender como as imagens bordadas produzem significados e como são interpretadas pelos espectadores. A pesquisa de Ana Paula Cavalcanti Simioni (2010) sobre o bordado, especialmente no que se refere à sua dimensão histórica e cultural, contribui para uma análise mais contextualizada das fotografias bordadas, permitindo-nos compreender como essa prática se insere em um conjunto mais amplo de representações e significados. A presente pesquisa evidenciou a riqueza e complexidade das identidades de gênero, com destaque para o paradigma masculino. A partir das percepções dos professores e da análise das fotografias bordadas, exploro que a expressão artística pode ser um poderoso veículo para a desconstrução de estereótipos e a construção de novas representações sociais do masculino.análises sociológicas, estudo das emoções e da arte com: Ahmed (2004), Butler (2010; 2015), Cardozo (2020), Conell (1995; 2013), Custódio (2023),
Dewey (1934), Fonseca (2010), Foucault (1987, 1988 e 1992), Gutmann
(2013), Hemmings (2018), Hochschild (1983), Hooks (2022), Leite e Lopes
(2013), Lima (2013), Louro (2016), Oliveira (2004), Pamplona e Barros (2021);
Parker (1984), Pierre (1989, 1999 e 2011), Reddy (2001), Rial, Grossi e
Heilborn (1998), Rocha (2014), Saffioti (1987; 2004), Sontag (1977) e Vigoya (2018, 2002). A pesquisa será qualitativa e tem como método a Sociopoética (Gauthier, 2012; 2014), (Adad, 2014) e (Tavares, Junior e Carvalho, 2021), que nos permite realizar um estudo científico, utilizando métodos artísticos na geração de dados produzidos por meio de oficinas com técnicas artísticas: começando com a "Oficina de Negociação", seguida por um momento de "Relaxamento", prosseguindo para as "Oficinas de Produção de Dados". Posteriormente, ocorre a "Oficina de Análise" envolvendo o grupo pesquisador na reflexão sobre os dados produzidos, seguidamente pela "Oficina de Contra- Análise". Ao final desta investigação, ressalta-se a profundidade desta proposta com a necessidade de explorar as complexidades das identidades de gênero e do paradigma masculino. Esta pesquisa não apenas contribui para a compreensão aprofundada dessas questões, mas também destaca a capacidade transformadora da expressão artística nas representações sociais do masculino.