A sociedade atual vive exposta a uma infinidade de riscos, de modo que estes veiculam características que geram prejuízos à população direta ou indiretamente envolvida, seja pelo aumento populacional, seja pela ocupação de áreas inadequadas ou pela própria condição socioeconômica e ambiental. Diante disso, estudos em torno da vulnerabilidade (social, ambiental e socioambiental) tornam-se importantes instrumentos de estudo do espaço geográfico em questão, além de contribuir para o planejamento através de uma análise integrada envolvendo os aspectos sociais e ambientais. O objetivo geral que norteou a pesquisa foi analisar a vulnerabilidade socioambiental nos setores censitários às margens do rio Poti no município de Teresina/Piauí. Para atingi-lo foram lançados os seguintes objetivos específicos: i) realizar caracterização geoambiental da área de estudo, com vistas a uma maior compreensão da mesma; ii) discutir variáveis socioeconômicas a fim de analisar e mapear a vulnerabilidade social; iii) identificar os problemas ambientais a partir das formas de uso, ocupação e cobertura da terra; iv) caracterizar e analisar a área de estudo, a luz da abordagem integrada, tipologias de vulnerabilidade social, ambiental e socioambiental; e v) sugerir medidas mitigadoras para atenuar as consequências negativas dos agentes dinâmicos verificados. A pesquisa é caracterizada do tipo Dedutivo e de abordagem quali-quantitativa, e, para alcançar os objetivos fez-se uso de levantamento e análise bibliográfica, teórica-conceitual, documental e cartográfica; para a obtenção do IVS foram selecionados 7 (sete) variáveis socioeconômicas disponibilizadas junto ao Censo 2010 e manipuladas através de técnicas estatísticas (análises multivariada/fatorial e técnica de cluster); para a obtenção do IVA foram analisadas 12 (doze) variáveis ambientais por meio do Método Expedito (verificação in loco), registro fotográfico, diário de campo, aparelho de GPS e análise de dados documentais e laboratoriais. Já o IVSA foi obtido através da matriz de inter-relação do IVS com o IVA. Soma-se aos procedimentos metodológicos a utilização dos seguintes softwares: QGis (versão 2.14.7), ArcGIS (versão 10.3) e Google Earth Pro. As principais contribuições teóricas utilizadas fazem parte dos estudos de: Confalonieri (2003), Deschamps (2004; 2007), Mendonça (2004; 2010), Kasperson et al (2005), Katzman (2005), Ross (2006), Zanella (2006), Almeida (2010) e Goerl, Kobyama e Pellerin (2011). Os 72 setores censitários foram agrupados em três classes: IVS Alto (21 setores com uma população de 21.208 pessoas distribuídas em 12 bairros), IVS Médio (28 setores com população de 26.301 habitantes distribuídos em 22 bairros) e IVS Baixo (18 setores com 12.203 moradores distribuídos em 08 bairros), além de 5 setores desclassificados por não possuírem dados suficientes, principalmente relacionados às variáveis densidade demográfica, renda familiar e estrutura domiciliar. Quanto ao IVA, obteve-se os seguintes dados: 21 setores foram classificados na classe Baixa (15% da população expostas a riscos e problemas ambientais), 27 setores na classe Média (44% da população) e 24 setores censitários categorizados em IVA Alto (41% da população). Essas classes de IVA deve-se em grande maioria devido às seguintes variáveis: cobertura vegetal, proximidade com corpos hídricos, adensamento populacional/residencial, esgoto a céu aberto e lixo a céu aberto. Sobre o IVSA obteve-se os seguintes valores por classe: IVSA “Muito Alto” (30% da área de estudo), “Alto” (11% da área de estudo), “Médio” (18% dos setores censitários”, “Baixo” (33% da área de estudo), além de 5% não classificados. Em termos demográficos, o contingente populacional se concentra principalmente na classe de IVSA Muito Alto. Pôde-se constatar que os setores localizados nos espaços urbano e rural sofrem influências diretas das atividades produtivas ao longo do canal, conferindo ao rio peculiaridades das formas de ocupação das suas margens, evidenciando assim áreas de contraditoriedade social e por meio das características de rendimento, demográfica e de infraestrutura, além da capacidade de criação e intensificação de riscos e problemas ambientais, que, somados, problematizam a vulnerabilidade socioambiental dos setores censitários estudados.