Os processos de modernização têm servido ao capitalismo como meio para a expansão da acumulação de capital, em seus diferenciados processos de expansão geográfica, como aporte à construção de algum tipo de solução espacial. No Brasil está pautada na instalação de dinâmicas produtivas e na dotação de infraestruturas que visam dar mobilidade ao que é produzido. Dentre os vetores apresentados como responsáveis pela modernização do território do Piauí, aparece a exploração mineral proposta para o estado e as perspectivas de expansão da fronteira de acumulação que se estabelece na periferia do Brasil. Desta forma, tem-se como objetivo geral compreender as possíveis disputas territoriais, geradas pela aliança entre Estado e Capital na implantação do processo de exploração mineral nas comunidades tradicionais de Paulistana e Curral Novo, enquanto parte das estratégias de modernização territorial do Estado do Piauí. Os objetivos específicos foram conhecer o papel e as ações do Estado e do Capital na atividade mineradora, como estratégia de modernização do território; discutir o papel da narrativa de desenvolvimento e modernização territorial no processo de expansão da atividade mineradora no Estado e identificar os possíveis conflitos causados pelas empresas e pelo Estado, enquanto responsáveis pela viabilização dos processos espoliativos da exploração mineral nas comunidades tradicionais dos municípios. A pesquisa foi realizada a partir de revisão de literatura sobre território, modernização e mineração, tendo como fundamentos as discussões de Moraes (2005, 2008, 2011), Berman (1986) e Harvey (2004, 2005, 2008, 2012), Andrade (1989) bem como teses e dissertações. Foi realizado o levantamento de documentos e projetos escritos pelos órgãos Estatais relacionados a instalação e suporte para atividade mineradora. Também foi realizada entrevistas com os atores sociais envolvidos neste recorte espacial, como mineradores, gestores públicos e moradores das comunidades. O discurso do potencial mineral indica ser essa atividade econômica, uma das vocações do estado. Nessa perspectiva, a mineração é apresentada como fonte para o desenvolvimento territorial e como meio para a construção de eixo espacial estratégico importante na redefinição do estado como nova fronteira de acumulação de capital no Nordeste Brasileiro a partir da efetivação de aliança entre Estado e Capital para a implementação da atividade mineradora. O avanço configura-se como processo espoliativo, concretizado pelo Estado em aliança com o capital privado. Tal avanço gera uma inerente contradição, já que o Estado não deve negligenciar a sua função social. Diante deste contexto e do material levantado e analisado, evidenciou-se que o papel do Estado e do Capital na condução de processos econômicos e territoriais no Piauí, configura-se como novos rearranjos e impactos territoriais que alteram diretamente a produção do espaço e reprodução da vida social nos munícipios de Paulistana e Curral Novo, cumprindo o papel de incorporar este recorte espacial periférico ao reordenamento da geopolítica do capital global.