No contexto da zona costeira do Brasil se verifica, de modo geral, que são incipientes as propostas de metodologias para o desenvolvimento das etapas de geoconservação, o que implica em uma necessidade de aprofundamento desses estudos. Em relação à zona litorânea do Piauí, registram-se poucas pesquisas sobre esta temática, entendendo-se ser relevante investigar as características da geodiversidade local, visando sua conservação e divulgação dos geossítios, possibilitando estratégias de geoconservação que possam ser indicadas para essa área. Neste sentido, o objetivo geral deste trabalho se constituiu em avaliar o patrimônio geológico da zona litorânea piauiense, segundo o valor científico e turístico, para fins de geoconservação. Como objetivos específicos foram definidos: discutir aspectos teóricos e metodológicos relacionados à geodiversidade, geoconservação e temáticas afins; descrever e caracterizar os geossítios selecionados da zona litorânea piauiense, identificando os valores de sua geodiversidade; realizar a quantificação dos geossítios da zona litorânea do estado do Piauí para fins de iniciativas de geoconservação; e apresentar sugestões de estratégias de valorização e divulgação dos geossítios da área em estudo. A metodologia adotada envolveu cinco etapas, organizadas da seguinte maneira: I – pesquisa bibliográfica e documental com a análise teórico-conceitual acerca das temáticas a serem abordadas; II – realização da pesquisa de campo na área de estudo e organização do material cartográfico; III – descrição/caracterização dos geossítios selecionados da zona litorânea piauiense e posterior identificação dos valores da geodiversidade dos mesmos; IV – quantificação dos geossítios de acordo com seus valores científico e turístico, e V – sugestões de estratégias de valorização e divulgação dos geossítios da área de estudo. Na primeira etapa de avaliação do patrimônio geológico da área em estudo, levou-se em conta a pesquisa bibliográfica e documental, pesquisas de campo e preenchimento da ficha de caracterização destes. Foram caracterizados cinco geossítios na zona litorânea piauiense seguindo a direção leste-oeste: três no município de Cajueiro da Praia, Recifes de Arenito/Micro Falésia de Cajueiro da Praia, Recifes de Arenito de Morro Branco e Recifes de Arenito de Praia (beachrocks) da Barrinha; um no município de Luís Correia, Recifes de Arenito/Eolianito de Itaqui e, um no município de Parnaíba, Pedra do Sal, onde foram destacados as faixas de recifes de arenito e beachrocks, micro falésia da Formação Barreiras, micro ilha, campo de eolianitos, bem como promontório rochoso de afloramento cristalino, respectivamente. Na segunda etapa, para a quantificação dos geossítios, considerou-se a proposta metodológica de Pereira (2010b), complementando com a proposta de Borges (2013), com a construção de mapas temáticos a partir da quantificação dos valores obtidos. O Valor de Uso Científico dos geossítios mostrou-se bastante satisfatório, tornando possível explicar e esclarecer diversos aspectos sobre a evolução da dinâmica costeira; dinâmica eólica; tipos de formações e embasamentos geológicos; indicativos de evento paleoclimático/mudança do nível relativo do mar, entre outros. O Valor de Uso Turístico ficou um pouco abaixo do científico, no entanto, ao ser adotado um tipo de turismo diferenciado, no qual os visitantes possam ser atraídos pela vontade de conhecer e compreender as paisagens formadas a partir dos elementos abióticos dos geosítios, poderá elevar ainda mais o valor de uso turístico. Em relação ao Ranking de Relevância, todos tiveram boa pontuação, resultando em três geossítios de importância Regional, um Nacional e um Internacional. Em seguida, foram apresentadas quatro estratégias de valorização e divulgação dos geossítios, a saber: trilhas interpretativas, painéis interpretativos, folhetos explicativos e cartões postais, bem como o desenvolvimento do geoturismo como uma importante estratégia que se constitui em uma ferramenta efetiva para a geoconservação.