Este estudo tem por objetivo investigar e compreender as práticas de sociabilidade e construções identitárias de indivíduos filiados a torcidas organizadas de futebol. A pesquisa foi desenvolvida com a colaboração da Torcida Esporão do Galo (TEG), ligada ao River Atlético Clube da cidade de Teresina-PI, considerando a formação e organização do grupo, bem como as ações de pertencimento e alteridades que caracterizam as vivências de seus/suas integrantes no espaço urbano. Assim, parte-se da perspectiva de que as relações de sociabilidade, identificações, pertencimento e conflitos não se limitam apenas ao contexto destinado às práticas do futebol profissional, mas que a identidade dos/as torcedores/as organizados/as perpassa por formações subjetivas e construções sociais de condutas, linguagens, signos e símbolos reproduzidos em diversos âmbitos. Ademais, assumindo compromissos de manutenção do grupo e passando a se constituírem enquanto organização burocrática com divisões de cargos e atividades. Aqui, entende-se que as torcidas organizadas fazem parte de um campo social estruturado e estruturante sinalizado por posições e leis específicas (BOURDIEU, 1989), em que esses grupos buscam reconhecimento e disputam entre si por espaço e prestígio, estabelecendo rivalidades e alianças. Portanto, consideramos que “não é só futebol”, em seu sentido técnico de jogo, mas antes é também a identidade desses sujeitos e o modo como vivenciam e organizam suas relações cotidianas a partir de impulsos de sociabilidades – relacionados à preferencias clubísticas – dando forma e sentido às suas interações. Desse modo, trata-se de uma pesquisa qualitativa de abordagem interativa e interpretativa, operacionalizada por meio de observação participante, com aplicação de entrevistas semiestruturadas, pesquisa documental, uso e produção de imagens. Os resultados da investigação revelam que os membros da TEG, ao imprimirem um modo particular de vida a partir da cultura esportiva, (re)criam sua identidade de grupo e profissional para se fazerem reconhecidos/as como tal, frente à possibilidade de eminente perda do lugar no campo em que disputam por reconhecimento social.