Introdução: Dentro da estratégia de Educação Alimentar e Nutricional (EAN), do programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o papel dos atores envolvidos é central na sua implementação, em especial professores e os nutricionistas. Embora reconhecido como importante esse papel, o maior enfoque dos estudos tem recaído sobre a proposição de intervenções educativas voltadas para os escolares e pouco é abordado a fase de implementação que, apesar de planejada, constitui a etapa em que ocorre a maioria das falhas em programas públicos. Objetivo: Caracterizar a implementação das ações de educação alimentar e nutricional em escolas públicas, a partir da percepção dos professores e nutricionistas envolvidos. Métodos: Estudo de abordagem qualitativa do tipo exploratória-descritiva. Foram entrevistados 15 sujeitos, entre professores e nutricionistas da educação infantil sobre a implementação das ações de EAN nas escolas. Foi adotada a técnica de Análise de Conteúdo para análise das informações com o apoio do software IRAMUTEQ. A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética da Universidade Federal do Piauí (UFPI) e aprovada com o número de protocolo 4.745.754. Resultados: O perfil dos professores é de mulheres, com idade entre 30 e 39 anos e formação em pedagogia e especialização. As professoras informaram que participam “às vezes” das ações de EAN. Já o grupo de nutricionistas é composto de mulheres, em faixas etárias diversas, com ensino superior completo e frequências de participação nas ações de EAN que variam entre “às vezes” e “diariamente”. Foram evidenciados cinco eixos temáticos: hábito alimentar das famílias, percepção sobre a implementação das ações de EAN, o que pode ser feito em termos de EAN, como são executadas essas ações e as atribuições dos nutricionistas. Dentre as percepções de destaque em ambos os grupos está o mau hábito alimentar das famílias, visão biológica frente a complexidade da alimentação, a baixa capacitação para o trabalho do tema, bem como, a sobrecarga de trabalho e inadequação do número de nutricionistas, refletindo diretamente na implementação das ações. A abordagem lúdica das ações foi a mais citada nas entrevistas. No comparativo entre as escolas, foi possível identificar dificuldades na implementação, com o hábito alimentar das famílias, com o modo de executar as ações e com a periodicidade nas diferentes zonas de Teresina - PI. Conclusões: Esta pesquisa identificou fatores que podem ser limitantes para implementação das ações, como a escolaridade dos profissionais, frequência de execução, habito alimentar das famílias, baixo aporte técnico-científico e compressão da complexidade alimentar para execução de EAN. Além disso, reconheceu a necessidade de articulação entre os envolvidos e continuidade das ações para sobrepor esses desafios. Essas ações permitem não só promover a EAN no âmbito da alimentação escolar como um processo complexo, como também reconhecer a importância de pesquisar outros atores, além das crianças, envolvidos nas ações em ambiente escolar.