Esta pesquisa apropria-se do autor de telenovelas Manoel Carlos para, a partir dele, observar os modos com os quais a produção de sua obra refletiu as experiências socioculturais do Brasil contemporâneo, sobretudo entre as décadas 1980 a 2010. Nessa seara, objetiva-se analisar a consolidação do subgênero crônica do cotidiano na telenovela brasileira, que tem no autor um dos personagens centrais. Do ponto de vista das reflexões aqui apresentadas, compreende-se que sua obra serviu como instrumento de representação de um país que consolidava os signos da pós-modernidade, fazendo-os na forma de uma crônica do cotidiano. Nesse sentido, em suas telenovelas, Manoel Carlos operava em uma dimensão micropolítica capaz de dar sentido ao seu tempo. Assim, constata-se a percepção de um mesmo espaço de acontecimentos – a zona sul carioca, notadamente o bairro do Leblon –, pensado como microcosmo de um Brasil idealizado, no âmbito do qual se desvelam relações de consumo, sociabilidades urbanas, relações familiares, histórias de amor, relações de gênero e de trabalho, vícios e vicissitudes, potentes indícios das mudanças comportamentais do período em questão.