Torquato Neto foi, ao longo das últimas cinco décadas, convertido em um vistoso sujeito histórico, referenciando teses, dissertações e monografias em diferentes áreas. De modo geral e com apenas algumas exceções este sujeito tem sido igualado a si mesmo, sendo sinônimo do anjo torto da tropicália. A presente tese parte deste pressuposto para o problematizar historicamente. O principal objetivo do estudo é demonstrar que o jornalismo de Torquato Neto, especificamente, abriu um espaço renovado para a atuação jornalística no Brasil, na medida em que foi com ele, no início da segunda metade do século XX, que as redações dos jornais começaram a enxergar a reportagem como um espaço de atuação literária, o que contribuiu para refundar as bases do texto jornalístico. Ao mesmo tempo, na condição de articulista e redator de colunas em importantes jornais brasileiros, Torquato Neto encontrou no jornalismo o instrumento ideal para discutir a própria identidade nacional. Mas, como a tese procurou demonstrar, não sendo idêntico a si mesmo, o sujeito histórico se constitui na contradição. Com Torquato Neto também foi assim. Do ponto de vista empírico o trabalho operou com pesquisa bibliográfica, mas também com documentos hemerográficos, a maioria disponível a consulta no Acervo Torquato Neto, em Teresina, no Piauí. Foram, também, consultados documentos audiovisuais. Do ponto de vista teórico o trabalho se beneficiou de referências conceituais obtidas junto a autores tais como Foucault, Larrosa, Hall e Certeau, dentre outros. Com o benefício desta teoria foi possível propor que a linguagem é um lugar de acontecimento da história, o que converte o jornalismo – e mormente o jornalismo cultural – numa significativa fonte histórica.