JUVENTUDES EM TRÂNSITO:Práticas juvenis, espacialidades e corporalidades em Teresina na década de 1970.
Cidade. Corpo. Juventude. Teresina.
As manifestações culturais dos anos 70 refletiram o espírito de uma época de intensa contestação dos padrões sociais por parte de uma geração de jovens que buscavam liberdade através de ideais contraculturais, políticos e/ou revolucionários. No Ocidente, esses anos foram marcantes em termos de mobilização social e cultural juvenil. O campo da cultura tornou-se o lugar mais evidente de ebulição da juventude: a música, a literatura, o cinema, o teatro e a imprensa foram incorporados ao elenco de possibilidades de intervenção sociopolítica. No Brasil, essas transformações sociais em curso nos anos 70 relacionam-se com as alterações no campo da cultura e da arte, que viviam sob o signo da ditadura civil-militar. No contexto de supressão dos direitos civis estabelecido pelo AI-5, momento em que a política se fechou para o macro, houve uma migração para as ações microscópicas e para a subversão dos dispositivos que regulavam o corpo. Foi nesse cenário que a produção artística, as práticas comportamentais como a reinvenção dos signos e marcas corporais juvenis, as mudanças relacionadas à sexualidade e ao papel feminino e ao consumo tácito da cidade investiram-se de significações revolucionárias. Este trabalho propõe estudar um segmento juvenil teresinense que nos anos 70 do século XX agia de forma micropolarizada, por meio de frações cotidianas e ações antidisciplinares, operando essencialmente através da politização da cultura, do consumo da cidade e da reinvenção de seus corpos. Nos capítulos que compõem este trabalho empenhou-se em pensar em três eixos analíticos: o comportamento, a cidade e o corpo, relacionando-os à conjuntura mundial e pensando através do prisma das subjetividades flexíveis e das identidades plurais.