A pobreza em disputa: ditadura, ideias de integração nacional e o combate ao perigo da "subversão" em Picos-PI (1968-1979)
Picos-PI; rodovia Transamazônica; Projeto Rondon e ditadura militar.
Ao final da década de 1960 ganharam forças no Brasil, dois tipos de ideias de integração nacional, que partiram do Estado brasileiro e de alguns grupos “subversivos” e tiveram como alvo a pobreza da cidade de Picos, no Estado do Piauí. O contexto era de ditadura militar e estava em pauta por parte do Estado brasileiro, a implantação de uma política de segurança nacional, que possibilitasse ao país empreender a transferência dos seus “excedentes demográficos” do Nordeste, para as regiões Norte e Centro-Oeste, tidas como espaços de “vazio demográfico”, que não exploravam as suas riquezas minerais. Assim, com esse trabalho, objetivamos perceber a instalação de dois projetos de integração nacional em Picos, para que ideias “subversivas” não se criassem entre a sua pobreza. O primeiro foi a construção da rodovia Transamazônica, que sendo parte do Programa de Integração Nacional (PIN), criado pelo diretor do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), Eliseu Resende, no ano de 1968 e institucionalizado pelo presidente Emílio Garrastazu Médici, em 1970, envolveu Picos como o seu “marco zero”, no ano de 1973 para que a cidade fosse incluída na integração do espaço nacional. E o segundo foi a implantação e atuação do Projeto Rondon, que criado em 1967, pelo presidente Artur da Costa e Silva teve como objetivo integrar as populações de cidades que ficavam localizadas em áreas estratégicas, como o percurso da rodovia Transamazônica, o que possibilitou que em 1973, um Campus Avançado do Projeto Rondon fosse instalado em Picos. Analisamos publicações que foram feitas por Eliseu Resende; jornais e revistas de circulação nacional; documentos públicos da cidade de Picos; processos judiciais; documentos do Campus Avançado da Universidade Federal de Goiás – UFG, instalado em Picos; e fontes visuais. Apoiamo-nos em Motta (2002) e (2014) e Fico (2008).