A escrita feminina no século XIX significou verdadeira afronta aos padrões de diferenças sexuais. Assim, foi acompanhada de deslumbramento e assombro, alvo de críticas e suspeitas quanto à dignidade daquelas que escreviam. A educação constituía importante instrumento de diferenciação entre os sexos e garantia a manutenção da sujeição feminina e superioridade masculina. A escrita representou, também, espaço para contestação da inferioridade feminina. E foi com esse objetivo que Nísia Floresta Brasileira Augusta fez uso da escrita nos oitocentos: para reivindicar uma reforma na educação feminina e promover a valorização social da mulher. Pseudônimo de Dionísia Gonçalves Pinto (1810-1885), nasceu no Rio Grande do Norte, viajou e morou em diferentes províncias do Império e também no exterior. Com mais de quinze títulos publicados no Brasil e Europa, a brasileira teve contato com diversos nomes do período, tal como Augusto Comte, com quem manteve uma amizade fraterna, marcada pela troca de correspondências entre 1856 e 1857. Este trabalho analisa a elaboração do projeto educacional de Nísia Floresta, partindo do estudo do contexto social e intelectual do século XIX para conhecer suas prescrições quanto à educação feminina e suas críticas aos hábitos e práticas da sociedade oitocentista. Para isso, faz-se uso de fontes bibliográficas, jornais do período e as obras da escritora brasileira, bem como a obra de Mary Wollstonecraft, Reivindicação dos direitos das mulheres, e das correspondências trocadas com Augusto Comte, com a finalidade de conhecer a possível influência da escritora inglesa e do filósofo sobre a obra de Nísia Floresta.