Este estudo tem como objetivo central analisar o processo eleitoral de 1945 no Piauí, no intuito de compreender a atuação do governo na organização do pleito e a relação do eleitorado com os políticos e as políticas governamentais em defesa dos seus interesses. As fontes analisadas para alcançar tal intento foram dados estatísticos colhidos junto ao IBGE, documentos relacionados ao alistamento e apuração disponíveis no TRE-PI, jornais de circulação nacional e local durante o período, livros de memórias e verbetes colhidos no site do CPDOC. O recorte temporal foi situado entre o ano de 1944 e 1945, por compreendermos ser necessário entender a movimentação do eleitorado e a conjuntura política e social antes do período eleitoral. Embora houvesse uma intensa movimentação popular pedindo a permanência de Getúlio Vargas no Poder, ele acabou não se candidatando, e desse modo, durante a campanha de redemocratização ao fim do Estado Novo, dois candidatos insurgiram como favoritos: o General Erico Gaspar Dutra e o Brigadeiro Eduardo Gomes, sendo o primeiro apoiado por Getúlio Vargas. Embora o resultado geral do pleito tenha dado ao General a vitória, no Piauí, o vencedor foi Eduardo Gomes, tido como o candidato das elites. No entanto, o alistamento eleitoral e o resultado oficial no Estado são problemáticos e apresentam divergências, quando postos em confronto, e quando são vistos sob a ótica da legislação eleitoral daquele período. Para darmos inteligibilidade às fontes, nos amparamos em algumas produções historiográficas que versaram sobre o tema, tanto em âmbito nacional, como voltadas ao Estado do Piauí. As reflexões teóricas que guiaram esse trabalho tiveram por base os estudos de Renê Rémond (2003), Pierre Bourdieu (2005), Michel de Certeau (1998) e Roger Chartier (2002).