Durante a década de 1970, Teresina refletiu as políticas de urbanização promovidas pelo Estado brasileiro com a ampliação de sua malha urbana, culminando com a construção de vários Conjuntos Habitacionais. De modo específico, trataremos do Dirceu Arcoverde, que nasceu, em 1976, com a designação de “Projeto Itararé”. O contexto vivido estava sob a influência do regime militar após o Golpe de Estado no Brasil de 1964, onde existia uma política habitacional direcionada ao atendimento a famílias carentes, ficando a cargo do Banco Nacional de Habitação (BNH), criado com a Lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964, e, ao mesmo tempo, um apoio à indústria da construção para gerar empregos para os imigrantes que chegaram à cidade. Assim, com esse trabalho, pretendemos entender o surgimento deste Conjunto numa condição de segregação social dos seus moradores, com a precariedade estrutural que se estende desde a falta de calçamento, transporte público, saúde pública etc. Enfim, a problemática do atendimento a estes indivíduos diante de uma região inóspita que, aos poucos, ganhou importância por seu contingente populacional, conseguindo se desenvolver através da ação individual e coletiva, fazendo com que os gestores voltassem seu olhar para a região, reconhecimento que fez a moradora, Irmani Veloso, fosse eleita vereadora de Teresina em 1982. Por isso, para contar este processo, utilizamos a metodologia da História Oral, apoiados essencialmente em Alessandro Portelli (2016), Verena Alberti (2007/2010), Marieta Ferreira; Janaina Amado (2006), dentre outros. Sendo necessário trabalhar a questão da memória com Joel Candau (2018), Maurice Halbwachs (2003), Michel Pollak (1989/1992), e diversos autores que abordam diferentes questões e o cotidiano com Michel de Certeau (1998/2013); e ainda recorrendo aos periódicos locais, O Dia e O Estado, para que pudéssemos ter uma “visão” do dia a dia do Conjunto Habitacional Dirceu Arcoverde.