Esta dissertação teve como objetivo analisar como a Santa Casa de Misericórdia prestou
assistência à saúde e à pobreza na cidade de Parnaíba durante o período de 1915 a 1930.
Para tanto, focamos na relação da elite local com a Santa Casa, com o perfil dos sujeitos
que buscavam a instituição, com o nível de procura por esse órgão e, também, com as
doenças e as terapêuticas realizadas no recorte histórico ao qual nos propomos analisar.
Consideramos, ainda, o processo de reabertura da Santa Casa em 1917, bem como o seu
novo fechamento em 1931, momento em que o antigo prédio foi demolido. Essa
demolição se deu em face de uma nova roupagem da Casa, uma vez que o que se pretendia
era construir um espaço com um maior número dependências. Diante desse cenário,
surgiu a nossa inquietude em tentar entender os motivos pelos quais a Santa Casa
interrompeu os serviços hospitalares em 1915 e o que mudou na sua atuação após a sua
reabertura. O período compreende, também, a reorganização da saúde pública ocorrida
na Primeira República no Brasil. Os problemas de saúde da cidade de Parnaíba, e em
outros espaços urbanos da região no Piauí e fora dele, bem como as questões de
higienização da cidade influenciaram diretamente na criação do hospital da Santa Casa
de Misericórdia de Parnaíba e, também, para o seu funcionamento no século XX. O
discurso dos médicos e da elite relatados nos documentos analisados concedem indícios
que permitem inferir que a Instituição surgiu como meio de controle social, com o
propósito de prestar assistência aos pobres doentes. As fontes utilizadas para a realização
desse trabalho foram as‘Atas das Sessões Administrativas’, os registros de entrada e saída
dos pacientes, os jornais da época, o Código de Postura da Cidade e o Almanaque da
Parnaíba. A pesquisa se fundamenta no que diz respeito aos pressupostos teóricos e
metodológicos, principalmente, nos estudos de Foucault (2015), Lopes (2000) e Sanglard
(2006).