Este trabalho possui como objetivo analisar a censura ao teatro no Rio de Janeiro, entre 1907
e 1930, período marcado por tensos processos de modernização urbana, maior controle
cultural pelas elites políticas e intelectuais e enrijecimento da atuação policial nas atividades
teatrais. Analisamos os mecanismos (estratégias) de atuação da censura, bem como os
procedimentos de resistência (táticas) ao controle por parte dos demais integrantes da
dinâmica teatral, como espectadores, artistas e empresários. A partir do diálogo com a
historiografia e o conjunto das fontes, este formado por amplo material hemerográfico,
documentos oficiais e peças censuradas pela polícia no período, identificamos que a censura
no início do século XX foi utilizada como instrumento de imposição de uma disciplina,
associada ao processo de modernização forçada na cidade e o controle sobre a cultura popular,
bem como um meio de imposição de um padrão de civilidade defendido pelas elites
intelectuais e propagandeado pela imprensa. No âmbito teórico, dialogamos com as noções de
estratégias e táticas (CERTEAU, 2014), processo civilizador (ELIAS, 2011), teatro político
(PARANHOS, 2012; CHARLE, 2012) e fração de classe (WILLIAMS, 1992)