POR UMA ESSÊNCIA DA CIVILIZAÇÃO PIAUIENSE: Renato Castelo Branco e as representações de uma piauiensidade em sua escrita
História. Literatura. Renato Castelo Branco. Identidade piauiense.
O presente trabalho é fruto de um esforço reflexivo que visa compreender, em primeiro plano, de que forma a identidade piauiense – que aqui chamamos de piauiensidade – é articulada e representada pela/na escrita de Renato Castelo Branco. Para responder a esta pergunta, e, a partir de um olhar fundamentado nos padrões de uma História Social da Literatura, tomamos como objeto central deste trabalho duas obras do escritor: A Civilização do Couro, de 1942, e Teodoro Bicanca, de 1947. Dando visibilidade à experiência deste homem de letras (THOMPSON, 1987) e perscrutando sua trajetória (BOURDIEU, 2006) a fim de compreender como se deu sua inserção no campo literário brasileiro (BOURDEIU, 1996), o trabalho utiliza fontes de variada natureza, como: cartas, obras literárias (e dentre elas romances, memórias e ensaios), matérias publicadas em jornais e revistas brasileiras, etc. O texto põe em evidencia o cenário de enunciação (MAINGUENEAU, 2001) sob o qual Castelo Branco produziu A Civilização do Couro – que foi a obra onde o autor sistematizou as representações que compõem uma matriz explicativa daquilo que para ele era a piauiensidade –; desvela o processo de construção da obra em diálogo (BAKHTIN, 1992) com a sociologia e com a historiografia piauiense e nacional; ilumina as relações que ela pôde estabelecer com as configurações político-sociais do contexto de sua produção (1939-1942); e, por fim, demonstra de que forma esta matriz explicativa da piauienseidade, produzida em A Civilização do Couro, se fez reverberar a partir da intertextualidade (KRISTEVA, 1979), emTeodoro Bicanca, que foi o primeiro romance publicado por este escritor piauiense.