No século XIX, o Brasil passou por transformações motivadas pelo desejo de progresso e
modernidade. Os avanços científicos conquistados nesse período impactaram o cotidiano da
população. O surgimento e a consolidação do saber médico propagado pelas Escolas de
Medicina, fundadas no Rio de Janeiro e na Bahia, modificaram as diversas práticas de curar,
antes amparadas no saber tradicional e popular. O presente trabalho aborda as transformações
dos saberes médicos e farmacêuticos e seu impacto no tratamento de doenças na sociedade de
Teresina entre os anos de 1870 e 1889. Neste sentido, são analisados os combates entre os
diferentes campos de saberes, considerando a presença de médicos, farmacêuticos e curandeiros
na disputa pelo poder da cura. Além disso, a Santa Casa de Misericórdia e sua importância no
tratamento de doenças também são avaliadas. Para isso, recorre-se a fontes bibliográficas, aos
códices de saúde do período, a jornais, relatórios de presidentes da província, atestados de
óbitos, ofícios, teses médicas, mapas de entrada e saída da Santa Casa de Misericórdia. Alguns
autores são relevantes para a construção desta pesquisa: Michel de Certeau colabora na análise
de dados quantitativos e sua relação com o cotidiano da população; Michel Foucault e Roy
Porter colaboram para o entendimento da consolidação e aceitação dos saberes médicos; Maria
Mafalda Baldoino Araújo, Rafaela Martins Silva, Clodoaldo Freitas e Mariana Antão
contribuem para a análise da sociedade teresinense no período.