A escravidão no Piauí foi um complexo sistema ocasionado de uma região agraria e pastoril,
onde a criação de gado representava a principal economia da província. A escravidão foi
símbolo de densas relações reforçadas pela violência num espaço onde o poder senhorial
vigorava como mais legitima representação de autoridade e imposição. Esse sistema de
cativeiro tem despertado o fascínio de muitos historiadores que a luz das fontes se debruçam
nesses estudos, onde um grande número de produções historiográficas foram e ainda são
escritas, repensando as relações senhor/escravo tanto nas fazendas, engenhos e nas cidades.
Este trabalho tem como proposta de pesquisa, analisar noticiários e anúncios de escravos em
jornais que circularam no Piauí de 1848–1885. Tendo como fonte os periódicos: A Imprensa:
periódico político, A Opinião Conservadora, A Voz da Verdade: jornal político, literário e
comercial, O Escholastico, O Governista, O Piauhy, A Epoca: órgão conservador. Essa
pesquisa propõe interpretar sobre as práticas escravista, ações desenvolvidas visando a
manutenção da escravidão, bem como, a relação de propriedade do senhor em relação ao
escravo no espaço piauiense que por vezes desencadeavam conflitos, violência e fuga de
escravos tanto da zona rural como urbana. Nessa perspectiva, iremos tratar com os anúncios
jornalísticos citados como espaços de representação da construção imagética do escravo pelo
seu senhor. Partindo de um debate historiográfico sobre a escravidão e seus discursos
legitimadores e seus agentes que atuaram com preponderância para fortalecimento e posterior
decadência tanto do tráfico negreiro como da escravidão. A pesquisa busca nos noticiários,
anúncios de vendas, compras, fugas e alugueis de escravos nos jornais citados que circularam
em cidades como Teresina e Oeiras. Os anúncios serão analisados como espaços estratégicos
tanto do senhor como do escravo, refletindo também as fugas e demais disposições do escravo
como táticas de resistência ao regime escravista. As bases teóricas dessa pesquisa estão
fundamentadas em: Roger Chartier (1988), Michel de Certeau (1998), Ângela de Castro
Gomes (2004), Cruz e Peixoto (2007), Ana Regina Rêgo (2008), Gilberto Freyre (2012),
Solimar Oliveira Lima (2005), Jaime Rodrigues (20050, Charles Boxer (2007), Russel-Wood
(2005), Talyta Marjorie (2014), Tanya Brandão (1999), Monsenhor Chaves (1998), Mairton
Celestino (2008), Emília Viotti da Costa (1998), dentre outros não menos importantes.